Mundo
Apoiadores de Evo Morales ocupam quartel e retêm 20 militares na Bolívia
As Forças Armadas disseram, em nota, que ‘grupos armados irregulares’ tomaram a unidade


Apoiadores do ex-presidente da Bolívia Evo Morales ocuparam, nesta sexta-feira 1º, um quartel e retiveram pelo menos 20 militares na região cocaleira de Chapare, em meio aos protestos que realizam há 19 dias, informaram fontes militares.
As Forças Armadas disseram, em nota, que “grupos armados irregulares” tomaram a unidade, “com o sequestro de pessoal militar, armamento e munição”. Uma fonte da Defesa explicou à AFP que há “cerca de 20” retidos entre oficiais e soldados.
Em um vídeo difundido pela imprensa boliviana, 16 militares aparecem cercados de camponeses, que exibem pedaços de pau com a ponta afiada. “O Regimento Cacique Maraza foi tomado pelas centrais Tipnis. Cortaram nossa água, a luz, nos fizeram de reféns”, diz um militar.
Os Tipnis são conhecidos como os territórios indígenas do Chapare, onde Evo Morales tem sua principal base política. Ali o líder cocaleiro de 65 anos permanece resguardado, diante de uma provável ordem de apreensão contra ele por um caso de estupro, que ele nega, e que supostamente ocorreu quando ele era presidente, em 2015.
Greve de fome
O ex-presidente Evo Morales aumentou a pressão sobre o governo da Bolívia nesta sexta-feira, ao declarar greve de fome depois que seus apoiadores tomaram um posto militar e detiveram cerca de 20 militares em meio ao protesto iniciado em 14 de outubro.
Morales é investigado criminalmente por um caso de estupro, que ele nega e que seus seguidores denunciam como parte de uma “perseguição judicial e política” do governo de Luis Arce, ex-ministro do líder indígena de 65 anos.
Após 19 dias de protestos e confrontos – que resultaram em 70 feridos, a grande maioria policiais -, o governo enviou as forças armadas para apoiar a polícia na desobstrução das estradas bloqueadas por apoiadores do ex-presidente.
Morales, por sua vez, declarou greve de fome: “Para priorizar o diálogo, vou iniciar uma greve de fome até que o governo instale (…) mesas de diálogo.” Ele está protegido – segundo seu partido – na região cocalera do Chapare, no departamento de Cochabamba.
Lá também estão as instalações militares que, segundo Arce, foram atacadas por “grupos armados aliados de Evo Morales”. Em um vídeo divulgado pela imprensa boliviana, 16 militares aparecem cercados de camponeses, que exibem pedaços de pau com a ponta afiada. “Cortaram nossa água, a luz, nos fizeram de reféns”, diz um militar.
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