Mundo
Reação da Venezuela a veto do Brasil no BRICS é desproporcional, diz Celso Amorim
O Brasil avalia que Caracas não contribui, neste momento, para um melhor funcionamento do bloco, afirmou o assessor de Lula


A Venezuela reagiu de maneira “desproporcional” ao veto do Brasil à sua entrada no BRICS, disse, nesta terça-feira 29, o principal assessor do presidente Lula, Celso Amorim, que admitiu um “mal-estar” entre os dois países.
“A reação à não entrada da Venezuela no BRICS é totalmente desproporcional”, afirmou Amorim durante uma audiência na comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. “Nós tínhamos acusações ao próprio presidente Lula e à Chancelaria.”
Na segunda-feira, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, criticou funcionários do Itamaraty pelo veto, na semana passada, durante uma cúpula do bloco realizada na Rússia.
“O Itamaraty tem sido um poder dentro do poder do Brasil há muitos anos. Sempre conspirou contra a Venezuela”, afirmou Maduro, que, no entanto, evitou responsabilizar Lula diretamente.
Segundo Amorim, o motivo do bloqueio foi que “o Brasil achou que neste momento que a Venezuela não contribui para um melhor funcionamento do BRICS”, bloco que também inclui China, Índia, Rússia, África do Sul e outros quatro países.
No sábado, o procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, levantou dúvidas sobre um acidente doméstico que Lula sofreu, chamando o caso de “farsa” para justificar a ausência do presidente brasileiro na cúpula do BRICS.
Antigo aliado de Maduro e de seu antecessor, o falecido Hugo Chávez, Lula tem se distanciado do presidente venezuelano desde sua controversa reeleição em 28 de julho, denunciada como fraudulenta pela oposição.
Amorim afirmou que Maduro prometeu divulgar a contagem detalhada dos votos poucos dias depois das eleições, algo que ainda não ocorreu.
“Isso e outros fatores criaram um mal-estar” nas relações bilaterais, admitiu. “Se a Venezuela é uma ditadura, eu acho que hoje em dia nós somos muito críticos da Venezuela, mas não acho que seja um esporte rentável ficar classificando os países.”
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