Política
Antes de fechar apoio, PT quer garantia de que Motta não pautará o PL da Anistia
O deputado do Republicanos recebeu o apoio do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL)


Deputados do PT ainda resistem em apoiar Hugo Motta (Republicanos-PB) à sucessão na Câmara porque não receberam dele uma sinalização concreta de que não pautará o projeto de anistia aos golpistas envolvidos no 8 de Janeiro, caso eleito. A eleição para o comando da Casa ocorrerá em fevereiro do ano que vem.
A proposta é considerada vital pela oposição, inclusive pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inelegível por oito anos. Além disso, foi utilizada como moeda de troca pelos bolsonaristas nas discussões sobre a disputa na Câmara.
Mais cedo, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), mandou criar uma comissão especial para analisar o texto – em tese, a manobra retardou a tramitação do projeto com o objetivo de arrematar o apoio do partido de Lula.
Desde que foi lançado à corrida pela chefia da Câmara, Motta tem evitado condenar publicamente a iniciativa liderada por deputados da extrema-direita. Durante um jantar com integrantes do PT, não disse ser contra nem a favor da proposta e afirmou não ter o interesse de se envolver com o tema, segundo relatos de participantes.
Nesta terça-feira, Motta disse não ser justo misturar as discussões em torno do PL da Anistia com as eleições internas. “Sempre tenho defendido o equilíbrio, o distensionamento e a convergência. Nessas matérias, por mais difíceis que sejam, teremos a cautela e o equilíbrio necessários para conduzir discussões”, ponderou a jornalistas.
Membros da bancada petista ouvidos por CartaCapital têm demonstrado desconfiança com o que consideram sinais trocados do candidato. Por isso, dizem que a decisão da legenda sobre quem apoiar na eleição da Câmara só deve ser oficializada após uma sinalização de que Motta não pautará o projeto.
“Seria muito delicado se ele pautasse esse tema no ano que vem. Ainda precisamos ver como [Motta] se posiciona sobre isso antes de decidirmos qualquer coisa. Temos outras questões a tratar, claro, mas este tema é prioritário”, avalia Jorge Solla (BA).
Outras condições também são citadas internamente para endossar a candidatura de Motta, a exemplo de garantir espaços para o PT na Mesa Diretora, aprovar projetos importantes para o Palácio do Planalto e apoiar a reeleição de Lula em 2026. Também existem discussões sobre uma cadeira no Tribunal de Contas da União como contrapartida ao aval do PT.
Os líderes do União Brasil, Elmar Nascimento; e do PSD, Antônio Brito, ambos da Bahia, também disputam a presidência da Câmara.
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