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Na ONU, Mauro Vieira pede fim dos embargos econômicos dos EUA contra Cuba

O chanceler brasileiro reiterou que as sanções dificultam a resolução da crise humanitária na ilha; apesar do clamor internacional, EUA mantêm posição

Na ONU, Mauro Vieira pede fim dos embargos econômicos dos EUA contra Cuba
Na ONU, Mauro Vieira pede fim dos embargos econômicos dos EUA contra Cuba
O chanceler Mauro Vieira. Foto: ANGELA WEISS / AFP
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O Brasil cobrou dos Estados Unidos a retirada dos embargos econômicos contra Cuba, que paralisam a saúde financeira do país há décadas.

A declaração foi feita nesta terça-feira 29 pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque.

“É evidente que as severas sanções impostas injustificadamente a Cuba, tanto pelo embargo como por sua inclusão na lista de ‘Estados patrocinadores do terrorismo’, contribuíram ainda mais para exacerbar a situação”, disse Vieira, mostrando-se preocupado com a situação econômica atual de Cuba.

“Essas medidas, que já penalizam injustamente o povo cubano, agora impedem uma adequada resposta à crise humanitária gerada pelo furacão”, alertou Vieira, fazendo referência ao furacão Oscar, que deixou sete pessoas mortas na ilha e gerou uma série de apagões.

Vieira reforçou ainda o pedido para o país norte-americano elimine as sanções, retirando Cuba da lista de Estados patrocinadores do terrorismo e fomentando “um diálogo construtivo baseado no respeito mútuo e na não interferência”.

O bloqueio dos EUA contra Cuba

A Revolução Cubana, deflagrada em 1959 e que levou Fidel Castro ao poder, transformou radicalmente as relações entre Cuba e os Estados Unidos. Antes dela, algumas das principais empresas operando na ilha eram norte-americanas.

Com a chegada de Castro, o cenário mudou: houve uma nacionalização dos bens de produção e norte-americanos foram expulsos do país. Em resposta, os EUA buscaram asfixiar a economia cubana, proibindo, desde o início dos anos 1960, que vários países façam negócios com Cuba.

A medida mais marcante desse embargo é a Lei de Assistência Externa (Foreign Assistance Act, ou FAA), sancionada pelo Congresso norte-americano em 1961, durante o governo de John F. Kennedy. A partir dela, os EUA impuseram embargos condicionados à indenização dos norte-americanos por parte de Cuba, algo que nunca aconteceu.

O embargo a Cuba é o mais duradouro da História recente. Ao longo das décadas, houve momentos de maior ou menor rigor, conforme o contexto geopolítico. 

Mais recentemente, a Assembleia-Geral das Nações Unidas aprovou várias resoluções pelo fim do embargo – mas, como são não-vinculantes, os Estados Unidos não são obrigados a segui-las.

Dada a extensão e a longevidade dessas sanções, mensurar com precisão seus impactos na economia cubana e na vida cotidiana da população não é tarefa simples. Dados recentes do governo cubano, em 2012, estimaram os danos acumulados em cerca de 148 bilhões de dólares.

Apesar das pressões internacionais, os EUA mantêm sua posição. No mês passado, o governo de Joe Biden publicou um memorando estendendo a validade da “Lei de Comércio com o Inimigo” contra Cuba, uma legislação que data do início do século XX e confere aos EUA o poder de suspender relações comerciais com nações consideradas adversárias.

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