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Prerrogativas vai à Justiça contra Tarcísio por insinuação sem provas ligando Boulos ao PCC
Marco Aurélio, coordenador do grupo, classificou as falas como ‘irresponsáveis e levianas’. Campanha de Boulos também estuda processo e PT diz que governador “deveria ser preso por crime eleitoral”


O coletivo Prerrogativas, formado por advogados e juristas, estuda acionar a Justiça contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por afirmar, sem provas, que a facção criminosa Primeiro Comando da Capital orientou voto pró-Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno na capital paulista.
O coordenador do Prerrô, Marco Aurélio de Carvalho, disse a CartaCapital que uma das possibilidades é apresentar uma interpelação criminal contra o bolsonarista. Há ainda a possibilidade de ingressar com ação por abuso de poder político, uma vez que as declarações de Tarcísio foram dadas em coletiva de imprensa na manhã deste domingo.
Marco Aurélio ainda classificou as falas como “irresponsáveis e levianas”. Também relembrou as investigações que miram membros da gestão Ricardo Nunes (MDB), que disputa a reeleição com apoio do chefe do Executivo estadual, por envolvimento com o PCC.
A suposta relação de Boulos com a facção foi levantada após o governador votar em um colégio no Morumbi, zona sul da capital. Na versão dele, integrantes do grupo criminoso orientaram familiares e apoiadores a votarem em Boulos. O apoio ao psolista teria sido interceptado pela área de inteligência do governo estadual.
Logo em seguida, Boulos reagiu, disse que a acusação é “extremamente grave” e foi feita “sem provas”. Ele comparou as falas de Tarcísio ao laudo falso publicado pelo ex-coach Pablo Marçal (PRTB) na véspera do primeiro turno. O documento apocrífo apontava que o psolista havia sido internado por uso de drogas.
O candidato do PSOL ainda prometeu acionar a Justiça contra o governador, cotado para a disputa presidencial de 2026, já que seu principal aliado, Jair Bolsonaro, está inelegível por oito anos.
Por meio de nota, o diretório do PT em São Paulo disse considerar que Tarcísio “deveria ser preso por crime eleitoral”. As acusações do chefe do Executivo estadual, de acordo com a legenda, mostram seu “desespero” e simbolizam “uma tentativa desesperada de encobrir os vínculos evidentes de Ricardo Nunes com o PCC”.
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