Mundo
Evo Morales denuncia atentado a tiros contra seu carro na Bolívia
O ex-presidente divulgou um vídeo com o automóvel alvejado


O ex-presidente da Bolívia Evo Morales afirmou ter sido alvo de um ataque a tiros neste domingo 27. Ele denunciou o caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)
Nas redes sociais, Morales divulgou um vídeo em que aparece em um veículo alvejado. No automóvel, o motorista é visto com a cabeça ensanguentada. Nas imagens, uma mulher pede para que o motorista “se apresse”. Segundo Evo, o ataque aconteceu após uma suposta tentativa de prisão contra ele.
“Estão atirando em nós, estão nos detendo. Rapidamente, mobilizem-se”, diz Morales em um trecho do vídeo, ao celular. Segundo ele, o ataque acontece quando ele estava a caminho do seu programa semanal de rádio em Cochabamba.
Ao publicar o vídeo, Morales disse que “assim foi a tentativa de magnicídio”. “Fomos interceptados por dois veículos, aparentemente Tundras, dos quais desceram quatro indivíduos encapuzados e vestidos de preto com armas na mão, que começaram a disparar”, alegou o ex-presidente.
Horas após o caso, Morales foi às redes sociais. “Agentes de elite do Estado Boliviano atentaram contra a minha vida no dia de hoje, enquanto o Governo reativa operações conjuntas”, segundo ele, para “reprimir” bloqueios que vêm sendo feitos nas rodovias do país.
De acordo com a imprensa boliviana, o veículo foi alvo de 14 tiros no município de Shinahota, na província de Tiraque.
À AFP, o deputado Anuelo Céspedes, próximo a Morales, disse ter tido acesso a imagens que indicam que, “depois do ocorrido, um helicóptero no aeroporto de Chimoré (em Cochabamba) transporta seis pessoas”. Segundo ele, não há certeza se eram militares ou policiais, “mas a única coisa que realmente querem é assassinar Evo Morales”.
Aumento da tensão na Bolívia
Nas últimas semanas, apoiadores de Morales vêm bloqueando rodovias na Bolívia. Os simpatizantes dizem que a ação tem como objetivo barrar a “perseguição judicial” contra o ex-presidente.
Morales é suspeito de ter abusado sexualmente de uma menor de idade em 2015. Recentemente, ele foi intimado pelo Ministério Público a depor sobre o caso, mas não compareceu à oitiva.
Os bloqueios nas estradas começaram a causar problemas de abastecimento no país. O presidente da Bolívia, Luis Arce, já disse que “não permitirá que o interesse de uma pessoa se sobreponha ao bem-estar coletivo”.
Morales, por sua vez, garante que os bloqueios continuarão. “O povo são e honesto não se vende nem se rende. A luta vai continuar, o povo não se rende”, sintetizou o ex-presidente, em entrevista no último sábado 26 a uma rádio local.
Até agora, segundo as autoridades bolivianas, há dezesseis pontos de bloqueio no país. O governo disse ter mobilizado quase dois mil policiais para tratar dos casos. Os embates já levaram 44 pessoas à prisão e deixaram outras 14 feridas.
(Com informações da AFP)
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