Política
Não mudará rumos, mas foi um esforço adicional, diz Juliano Medeiros sobre Boulos e Marçal
Um dos estrategistas da campanha, o ex-presidente do PSOL avalia que a insólita ‘entrevista’ foi bem sucedida por apresentar ideias a um eleitorado ainda em disputa


Um dos coordenadores da campanha de Guilherme Boulos (PSOL), Juliano Medeiros vê como grande trunfo da ‘sabatina’ promovida pelo ex-coach Pablo Marçal (PRTB) nesta sexta-feira 25 a chance de atingir um público geralmente distante da esquerda.
“Não acho que a sabatina mudará o rumo da eleição, mas foi um esforço adicional para a gente seguir dialogando com um eleitor que não está confortável de votar no Ricardo Nunes”, admite. Medeiros entende que a carreira política de Marçal ainda é recente e, por isso, os mais de 1,7 milhões de paulistanos que votaram no candidato do PRTB estariam em disputa.
Segundo o ex-presidente do PSOL, o objetivo de Boulos ao topar a insólita “entrevista de emprego” com o ex-coach – que o acusou falsamente, entre outras coisas, de ser usuário de drogas – foi apresentar a estes eleitores suas ideias. Como a de que, por exemplo, a prefeitura é eficiente para cobrar impostos, mas ineficaz para induzir as atividades empresariais.
“Foi o principal gesto, mencionando a possibilidade de isenções fiscais para empresas que quisessem se instalar nas periferias da cidade”, pontua ele a CartaCapital. “Foi o momento em que ele mais se conectou com esse eleitor, que de fato é algo muito ausente do discurso da esquerda.”
Boulos afirmou que a gestão municipal tem de valorizar o empreendedor e prometeu que, sob sua batuta, a prefeitura “não vai aparecer só para cobrar boleto, como é com Nunes”. Noutro aceno ao eleitorado de Marçal, se comprometeu a avançar com o ensino de finanças nas escolas municipais.
Medeiros coordena a área de inteligência voltada a pesquisas e dados estatísticos em geral na campanha. Também integra a alta cúpula de coordenadores políticos.
O interesse central de Boulos, a esta altura da corrida municipal, é gerar fatos novos que comovam o eleitor. Pesquisas Quaest e Datafolha publicadas entre a quarta-feira 23 e a quinta 24 até indicam uma queda na distância para Nunes, mas o prefeito conserva uma vantagem relativamente confortável a esta altura.
Questionado sobre as últimas cartadas da campanha, Medeiros citou duas caminhadas neste sábado, mas disse ter uma grande expectativa sobre o debate na TV Globo, às 22h desta sexta. É, de longe, o encontro de maior audiência de uma disputa eleitoral. Houve, de acordo com o coordenador, uma “preparação especial” para o programa.
Em uma disputa aberta contra o Datafolha devido à metodologia utilizada no segundo turno, a equipe de Boulos diz olhar com desconfiança para as sondagens do instituto — a mais recente, na quinta-feira, mostrou Nunes 14 pontos à frente.
Por isso, questionado por CartaCapital sobre o índice de rejeição do deputado federal (55% no Datafolha), Juliano Medeiros comentou que as pesquisas internas apontam o índice na casa de 45%. Na mais recente rodada da Quaest, com uma metodologia distinta do Datafolha, 40% dos entrevistados declararam ter uma imagem negativa do postulante do PSOL.
“O presidente Lula venceu a eleição com 45% de rejeição aqui na capital. Então, não é uma rejeição que impede a vitória”, aposta. “Ela torna mais difícil, mais sofrido, mas está dentro do que consideramos aceitável para poder vencer.”
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Real Time: Em cenário estável, Nunes tem 9 pontos à frente de Boulos em São Paulo
Por CartaCapital
Quatro pesquisas podem captar o impacto da ‘sabatina’ de Boulos e Marçal; veja a agenda
Por CartaCapital
Em ‘sabatina’, Marçal parabeniza Boulos pela ‘coragem’ e psolista responde: ‘Nunca fugi de embate’
Por CartaCapital