Mundo
Venezuela denuncia ‘agressão’ e veto do Brasil à sua entrada no BRICS
A relação entre Brasil e Venezuela esfriou desde as eleições presidenciais de 28 de julho


O governo da Venezuela denunciou, nesta quinta-feira 24, que o Brasil vetou sua entrada no BRICS durante a reunião de cúpula realizada na cidade russa de Kazan, um ato que considerou uma “agressão” e um “gesto hostil” contra o país.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores venezuelano, Caracas contou com o “respaldo e apoio dos países participantes nesta cúpula para a formalização de sua entrada neste mecanismo de integração”, mas “a representação da chancelaria brasileira, liderada pelo embaixador Eduardo Paes Saboia, decidiu manter o veto que [o ex-presidente Jair] Bolsonaro aplicou contra a Venezuela durante anos”.
Essa ação “constitui uma agressão à Venezuela e um gesto hostil”, continuou o MRE venezuelano, que qualificou o veto de “inexplicável e imoral”.
A relação entre Brasil e Venezuela esfriou desde as eleições presidenciais venezuelanas de 28 de julho, nas quais Nicolás Maduro foi proclamado reeleito para um terceiro mandato, em meio a denúncias de fraude. Desde então, o presidente Lula insiste na divulgação das atas eleitorais.
Os dois países retomaram as relações bilaterais em janeiro de 2023, depois da ruptura diplomática ocorrida em 2019 pelo reconhecimento de Bolsonaro ao opositor Juan Guaidó como presidente interino.
Maduro e Lula, de fato, falaram de uma “nova época” nas relações em maio de 2023, quando se reuniram no Palácio do Planalto, em Brasília.
A Venezuela buscava há meses ser membro ativo do bloco. Maduro viajou a Kazan, na Rússia, para se reunir com os parceiros do BRICS e o presidente russo, Vladimir Putin, manifestou-lhe apoio.
O bloco do BRICS foi fundado em 2009 com quatro membros: Brasil, China, Índia e Rússia. Em 2010, a África do Sul se uniu ao grupo. Em 2024, somaram-se Etiópia, Irã, Egito e Emirados Árabes Unidos.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Na Cúpula, Putin exibe cédula simbólica do BRICS – mas moeda conjunta ainda é improvável
Por CartaCapital
Lista de novos ‘membros associados’ do BRICS deixa de fora a Venezuela
Por André Lucena
Putin defende nova ‘ordem mundial multipolar’ na reunião dos Brics
Por AFP