Cartografia do Poder

O que está por trás das agendas do governo, políticos, entidades e empresas. E o que esses encontros – ou a falta deles – revelam

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Silveira teve mais encontros com a Enel do que Tarcísio e Nunes juntos

O apagão que atinge São Paulo não é apenas de luz, mas também de planejamento e de responsabilidade

Silveira teve mais encontros com a Enel do que Tarcísio e Nunes juntos
Silveira teve mais encontros com a Enel do que Tarcísio e Nunes juntos
Foto: Reprodução
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São Paulo, a maior cidade da América Latina, enfrenta uma sequência de apagões nos últimos 12 meses. O primeiro grande blecaute ocorreu em novembro de 2023, seguido por outro em março de 2024 e, mais recentemente, em outubro. O cenário revela uma falta de coordenação clara entre os principais responsáveis pela energia elétrica na cidade: o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a Enel (distribuidora local), o prefeito Ricardo Nunes e o governador Tarcísio de Freitas.

Enquanto a crise persiste, as agendas de reuniões mostram quem, de fato, esteve mais envolvido com a questão. O ministro Alexandre Silveira se reuniu 17 vezes com representantes da Enel nos últimos dois anos.
Em contraste, Ricardo Nunes teve apenas 7 encontros e Tarcísio de Freitas se reuniu uma única vez com a concessionária. Esses números destacam o distanciamento do prefeito e do governador em relação à crise energética.

A primeira reunião de Silveira com a Enel ocorreu em fevereiro de 2023, quase um mês após assumir o cargo. Desde então, manteve frequentes encontros com concessionárias de energia, com destaque para o ano de 2023, quando teve 10 reuniões com a Enel, e mais 7 em 2024. Por outro lado, Nunes só intensificou o diálogo com a empresa após o primeiro apagão, mas ainda assim de forma limitada, com apenas quatro reuniões. Após o segundo apagão, esse número foi reduzido para apenas duas reuniões.

A Aneel, responsável por regular a Enel, também teve pouca atenção na agenda do prefeito. Nunes se encontrou com a agência três vezes em 2023, um número baixo considerando a gravidade da crise.

Em gestão pública, mesmo que o problema não seja de responsabilidade direta do prefeito, questões como meio ambiente, infraestrutura e energia devem ser prioridade. Quando um problema se repete, como os apagões em São Paulo, o esperado é que o gestor busque soluções ativamente, envolvendo quem pode ajudar. A falta de ação ou de reuniões frequentes com as partes responsáveis, como a Enel, sugere uma falha em encarar a gravidade da situação e impedir que novos blecautes aconteçam.

A falta de articulação entre os níveis federal, estadual e municipal, somada à incapacidade da Enel de fornecer um serviço adequado e à Aneel de regular efetivamente a concessionária, evidencia um apagão não apenas de energia, mas de gestão e responsabilidade. E como fica a população no meio de tudo isso? No escuro.

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