Mundo
Presidente do Equador cancela viagem ao Brasil após processo de impeachment contra ministra
Mónica Palencia, responsável pelo Ministério do Interior, será julgada pela Assembleia do país nesta quarta


O presidente do Equador, Daniel Noboa, anunciou, nesta terça-feira 22, que cancelou uma viagem a São Paulo diante do julgamento de sua ministra do Interior, Mónica Palencia, que está enfrentando pedido de impeachment devido à insegurança por causa da violência do tráfico de drogas.
Noboa era um dos palestrantes confirmados no evento Bloomberg New Economy, que acontece em um hotel da região central da Capital Paulista até quarta-feira 23 e vai discutir temas como biodiversidade e mudanças climáticas.
“Tomei a decisão de cancelar a visita oficial ao Brasil, onde tinha previsto participar dos Fóruns de Mudança Climática”, indicou o mandatário na rede social X, antigo Twitter.
Noboa, que deveria viajar nesta terça-feira, acrescentou: “Não vou deixar Mónica Palencia sozinha, vou acompanhá-la em todo seu caminho”.
Palencia deve comparecer na quarta-feira à Assembleia Nacional, onde a oposição majoritária está dividida, para ser julgada politicamente por descumprimento de funções.
O bloco legislativo aliado ao ex-presidente Rafael Correa (que governou entre 2007 e 2017) argumenta que a ministra deve ser destituída por ser a responsável pela falta de um plano de segurança para enfrentar o tráfico, que violentamente disputa áreas de poder.
Os partidários de Correa têm 48 dos 137 assentos e o partido governista tem cerca de 40 com o apoio de aliados. Para o impeachment, são necessários 42 votos.
A ministra das Relações Exteriores, Gabriela Sommerfeld, representará Noboa nos fóruns ambientais a serem realizados em São Paulo.
“Tenho certeza de que a ministra das Relações Exteriores representará o Equador no mais alto nível, buscando soluções regionais para a crise energética, enquanto eu a enfrento aqui com o resto da equipe”, disse ele.
O país também está enfrentando uma crise hídrica devido à pior seca em seis décadas, que este ano levou a uma queda na produção de eletricidade – provocando apagões de oito horas por dia. Além disso, houve cerca de 3.600 incêndios florestais, uma interrupção no fornecimento de água potável e problemas na produção agrícola e no setor de telecomunicações.
“Estamos passando por momentos que nos desafiam como país; temos de enfrentá-los com determinação e firmeza”, disse Noboa, que assumiu o cargo em novembro passado e buscará a reeleição nas eleições gerais de fevereiro próximo.
Por causa da seca, que está afetando os reservatórios das usinas hidrelétricas que cobrem 70% da demanda nacional de energia, 20 das 24 províncias do Equador estão em alerta vermelho.
Com informações da AFP.
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