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Entenda os direitos dos trabalhadores em caso de Burnout

A Síndrome de Burnout foi incluída como condição ocupacional pelo Ministério da Saúde, exigindo atenção das empresas e trabalhadores

Entenda os direitos dos trabalhadores em caso de Burnout
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O Ministério da Saúde atualizou recentemente a lista de doenças relacionadas ao trabalho, adicionando a Síndrome de Burnout como uma condição ocupacional. Esse reconhecimento destaca a preocupação crescente com a saúde mental no ambiente de trabalho.

Com o aumento dos casos e a relação direta com outras condições de saúde mental, como ansiedade e depressão, a compreensão do Burnout se tornou essencial para funcionários e empresas.

O que é a Síndrome de Burnout

Dr. Vicente Beraldi, psiquiatra da Moema Medicina do Trabalho, explica que a Síndrome de Burnout, ou esgotamento profissional, é caracterizada por um estado de cansaço físico, emocional e mental intenso. Esse fenômeno surge quando há exposição prolongada a estresse não administrado de forma adequada no trabalho.

Dr. Vicente destaca que há muita confusão em relação ao que é realmente a síndrome e como ela se diferencia de outras condições de saúde mental. Ele aponta a importância de entender esses limites para um diagnóstico correto.

Sintomas comuns do Burnout

A síndrome se manifesta através de vários sintomas, como:

  • Cansaço extremo: Sensação constante de esgotamento, que não melhora com o descanso.
  • Dores de cabeça: Frequência e intensidade das dores aumentam.
  • Alterações no apetite: Mudanças significativas, seja para mais ou para menos.
  • Insônia: Dificuldade em adormecer ou manter um sono contínuo e reparador.
  • Falta de concentração: Problemas para focar em atividades diárias.
  • Sentimentos negativos: Desmotivação e desânimo em relação ao trabalho.
  • Sintomas físicos: Pressão alta, dores musculares e problemas gastrointestinais.

Impactos para as empresas

Para as empresas, a presença de Burnout reduz a eficácia dos trabalhadores, levando ao esgotamento de energia e à formação de uma visão negativa sobre o trabalho. Esses fatores comprometem a produtividade e podem gerar custos adicionais.

Diagnóstico e tratamento: desafios e processos

O diagnóstico do Burnout é complexo. Dr. Beraldi destaca que a falta de clareza no diagnóstico e o tratamento inadequado podem afetar tanto o trabalhador quanto a empresa. Ele reforça a necessidade de distinguir o Burnout de outras condições, como ansiedade e depressão, para garantir um tratamento eficaz.

O processo de diagnóstico inclui:

  1. Avaliação médica: O primeiro passo é procurar um psiquiatra ou psicólogo, que irá analisar os sintomas e o histórico do paciente.
  2. Exames complementares: Exames são solicitados para excluir outras condições de saúde mental e confirmar o diagnóstico.
  3. Documentação médica: Relatórios e laudos são necessários para validar o diagnóstico e acessar os direitos trabalhistas.

Direitos garantidos aos trabalhadores com Burnout

Com a Síndrome de Burnout reconhecida como doença ocupacional, os trabalhadores afetados têm acesso a direitos e benefícios. Entre eles:

  1. Auxílio-Doença Acidentário: Concedido pelo INSS, é destinado aos que não conseguem desempenhar suas funções. O valor é baseado na média dos últimos salários e pode ser estendido após reavaliações médicas.
  2. Aposentadoria por Invalidez: Se a condição impedir o retorno ao trabalho, a aposentadoria por invalidez é uma opção. Esse benefício substitui a renda do trabalhador, calculado com base nas contribuições previdenciárias.
  3. Recolhimento do FGTS: Durante o afastamento, a empresa continua a recolher o FGTS. Esse pagamento garante os benefícios associados ao fundo, como a possibilidade de saque futuro ou uso para compra de imóvel.
  4. Indenizações: Se o Burnout for causado por abusos ou condições inadequadas no trabalho, o trabalhador pode solicitar indenizações por danos morais e materiais. Essas compensações são devidas se houver comprovação das irregularidades.
  5. Estabilidade no emprego: Após retornar ao trabalho, o trabalhador tem estabilidade de 12 meses. Caso a empresa demita sem justa causa durante esse período, deverá readmitir e pagar os direitos trabalhistas.

A importância do diagnóstico e apoio médico

Dr. Vicente Beraldi reforça que o Burnout é uma condição desafiadora no ambiente profissional atual, exigindo cuidados específicos. Ele explica que a avaliação médica precisa é fundamental para garantir que os trabalhadores recebam o suporte necessário.

A compreensão adequada do Burnout e sua gestão correta são essenciais para criar um ambiente de trabalho saudável. Além disso, garantem que os trabalhadores tenham acesso aos recursos necessários para recuperação e bem-estar, promovendo uma melhor qualidade de vida profissional.

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