Sociedade

Artistas e intelectuais defendem pacto amplo pela democracia

Evento na Faculdade de Direito do Largo São Francisco marca lançamento do manifesto em favor da Constituição

Artistas e intelectuais defendem pacto amplo pela democracia
Artistas e intelectuais defendem pacto amplo pela democracia
Evento aconteceu no salão principal do Largo São Francisco (Foto: CIDOLI) )
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No dia em que se completam 50 anos do Ato Institucional Nº5, nomes de vários espectros políticos se uniram para lançar um manifesto em nome da democracia e contra um novo ‘golpe dentro do golpe’ sob o governo Bolsonaro.

Artistas, estudantes, intelectuais e representantes de movimentos sociais e sindicais participaram do ato de lançamento, realizado na sede da Faculdade de Direito da USP nesta quinta 13. “É a primeira reunião que participo desde a eleição. Simbólico que tenha sido onde houve tantas lutas contra a ditadura”, diz a psicanalista Maria Rita Kehl.

O texto enxuto (são apenas quatro parágrafos) defende a união dos democratas em defesa da Constituição de 1988, do estado democrático de direito e contra o dissolução das “liberdades duramente conquistadas ao longo das últimas três décadas”.

Também firma compromisso com a pluralidade e a diversidade cultural, de crenças e de comportamento. “Os negros nunca experimentaram o fim do AI-5. Nem as mulheres que sofrem violência diariamente”, afirmou o pastor Ariovaldo Ramos, da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito.

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Ministros de todos os governos pós-redemocratização subscrevem o documento, que teve mais de 7200 signatários na versão online.

O diplomata aposentado Rubens Ricupero, ministro dos governos Tancredo, Sarney e FHC, considera o contexto internacional atual mais crítico do que aquele que em que floresceu o AI-5. “Em 68, mesmo os Estados Unidos condenaram o AI-5 e cortaram subsídios à ditadura. Com Trump e a crise mundial da democracia, há mais riscos de um retrocesso autoritário.”

Assinam também personalidades como Chico Buarque, Sônia Braga, Caetano Veloso, o ex-chanceler Celso Amorim, a historiadora Lilia Schwarcz e o sociólogo francês Michael Lowy.

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O movimento é capitaneado pelo economista Luiz Carlos Bresser Pereira e um grupo de colaboradores que organizou tudo em pouco mais de vinte dias. Ele reafirma a importância da união de várias gamas ideológicas frente ao retrocesso que se anuncia.

“Fizemos questão que essa manifestação não fosse restrita à esquerda. Estou convencido que o presidente que está no poder fere a alternância saudável entre direita e esquerda, ele é de extrema-direita. Nesse momento, temos que estar juntos, atentos e fortes”, diz.

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