Educação

Associação de pós graduandos lança abaixo-assinado pelo reajuste das bolsas de estudo

Atualmente, os valores pagos pelas bolsas de mestrado e doutorado são de 2.100 e 3.100 reais, respectivamente

Associação de pós graduandos lança abaixo-assinado pelo reajuste das bolsas de estudo
Associação de pós graduandos lança abaixo-assinado pelo reajuste das bolsas de estudo
Créditos: Tomaz Silva / Agência Brasil
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A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) lançou um abaixo-assinado para exigir o reajuste das bolsas de estudos e garantir o investimento contínuo em Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I).

A ANPG reivindica o aumento de 10% no valor pago aos pesquisadores, além de um aumento no número da concessão das bolsas científicas.

Atualmente, os valores pagos pelas bolsas de mestrado e doutorado são de 2.100 e 3.100 reais, respectivamente. As bolsas são oferecidas pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ambos ligados ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.

No texto, publicado no dia 8 de outubro, a associação afirma que o investimento na área é fundamental para impulsionar o crescimento econômico do País e que o avanço também se dá pela valorização dos recursos humanos, especialmente da mão de obra científica, crucial para a produção de conhecimento.

“É imprescindível que o Brasil implemente políticas que valorizem os jovens pesquisadores. Isso inclui reajustar as bolsas de estudos, tanto no Brasil quanto no exterior, e estabelecer um mecanismo anual de correção dos valores, além de aumentar o número de bolsas disponíveis”, reivindica a associação.

Em outubro, a ANPG já tinha lançado um manifesto sob o mote ‘Sobreviver não basta, reajuste já’. A associação reconheceu um reajuste obtido no ano passado, mas ponderou que as bolsas ainda sofrem com a perda significativa de seu poder de compra, o que dificulta a sobrevivência dos pesquisadores, especialmente nas grandes cidades.

“Se considerarmos o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de março de 2013, o valor das bolsas de mestrado e doutorado deveria estar em 2.840 reais e 4.173 reais, respectivamente. Isso significa que os pós-graduandos hoje precisam, muitas vezes, dobrar ou triplicar sua jornada para dar conta de seus custos de vida”, apontou a ANPG no documento.

“Em muitos casos, vivem em situação de vulnerabilidade social, sem acesso a recursos para se manterem dentro da pesquisa e da universidade. A falta de investimento não apenas ataca a dignidade de estudo e trabalho na pós-graduação, mas torna a permanência um obstáculo que afasta os mais pobres do mestrado e do doutorado”, acrescentou.

A ANPG ainda considera um cenário crescente de evasão dos cursos de pós-graduação, como consequência dos cortes orçamentários e da desvalorização da ciência entre 2016 e 2022, que resultou em desaceleração na produção científica nacional. “Mais de 14 mil estudantes abandonaram seus estudos em 2023. Esse êxodo de jovens mestres e doutores, em busca de melhores condições de trabalho no exterior, representa uma perda significativa de talentos para o Brasil, a chamada fuga de cérebros”, considera.

A associação defende uma pressão para que os parlamentares priorizem os recursos destinados às agências de fomento, já que o orçamento previsto para 2025, sob o Novo Arcabouço Fiscal, não tem espaço para um novo reajuste das bolsas.

“Reajustar as bolsas de estudos, vinculando-as a um mecanismo de correção anual, e aumentar o número de concessões é o primeiro passo para garantir que o Brasil forme mestres e doutores capacitados a contribuir para o avanço da CT&I. Isso é crucial não apenas para o progresso científico, mas também para enfrentar problemas nacionais, como saúde pública, mobilidade urbana e produção de alimentos. O investimento em CT&I tem resultados diretos para a melhora da qualidade de vida da população”, finalizou.

Até o fechamento desta reportagem, o abaixo-assinado contava com mais de 4.600 assinaturas.

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