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Navegando com segurança no mercado de carbono
O Brasil, líder em questões ambientais, será sede da COP 30 em 2025 – e a criação de um mercado de carbono regulado é uma prioridade


O mercado de carbono é uma realidade, e os países que investem nesse setor destacam-se como economias modernas, baseadas em princípios ambientais, governança segura e avanços sociais. Como membro do G20, o Brasil se posiciona como um terreno fértil para investimentos voltados à transição ecológica.
Segundo a McKinsey & Co., o Brasil detém 15% do potencial global de captura de carbono, além de ter se comprometido, no Acordo de Paris, a zerar as emissões líquidas de carbono até 2050.
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a descarbonização do setor industrial brasileiro demandará R$ 40 bilhões em investimentos até 2050. Isso representa uma oportunidade local para soluções de redução de emissões, proteção ambiental e captura de carbono.
Para alcançar esses objetivos, serão necessários esforços do governo, políticas públicas claras, estratégias de mercado e colaboração da sociedade civil. A transição ecológica só será possível com o alinhamento entre setor público e privado.
Um mercado de carbono regulado é essencial para criar um ambiente seguro para os investimentos. O interesse em compensar emissões cresce tanto entre empresas internacionais quanto nacionais, mas com motivações diferentes. Enquanto empresas internacionais são movidas por compromissos globais e regulatórios, no Brasil, o aumento do interesse está associado à adoção de metas ESG e à pressão de consumidores e investidores por práticas ambientais responsáveis.
Para consolidar o mercado de carbono, as empresas devem adotar práticas transparentes de medição e redução de emissões, investir em tecnologias sustentáveis e participar das iniciativas de regulamentação. Projetos de compensação devem ser auditados e certificados para garantir a integridade e transparência das emissões compensadas.
A comercialização de créditos de carbono requer segurança robusta. A tecnologia blockchain oferece uma solução nesse contexto. Cada crédito de carbono pode ser representado por um token digital, registrado de forma imutável e transparente. Redes como Ethereum ou Polygon permitem a criação de contratos inteligentes, que garantem a verificação dos créditos de carbono e sua segurança contra fraudes.
A blockchain registra cada transação de forma permanente, eliminando riscos de manipulação e fortalecendo a confiança no mercado. As empresas geradoras de créditos devem adotar essa tecnologia para demonstrar transparência e integridade a investidores, clientes e à sociedade.
A comercialização dos créditos precisa seguir um protocolo de governança rigoroso para garantir a integridade do processo. Métodos de certificação transparentes aumentam a confiança de empresas e investidores em que as compensações realizadas tenham impacto real e mensurável.
No Brasil, geradoras de créditos de carbono utilizam metodologias claras e transparentes para seus clientes. No entanto, as empresas interessadas devem verificar cuidadosamente os métodos de quantificação de carbono, validação e verificação dos projetos, assegurando a confiabilidade dos créditos.
O Brasil, líder em questões ambientais, será sede da COP 30 em 2025, e a criação de um mercado de carbono regulado é uma prioridade. O projeto de lei que regula o mercado já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e tramita no Senado como PL 182/2024. O país precisa definir regras, criar uma autoridade reguladora e estabelecer o Sistema Brasileiro de Emissões (SBE), que exigirá que instituições que emitam mais de 10 mil toneladas de CO2 por ano reportem suas emissões e planos de mitigação.
O avanço do Brasil no mercado de carbono é uma estratégia fundamental para impulsionar uma economia sustentável, que alinha desenvolvimento econômico com preservação ambiental. Esse setor traz inovação tecnológica, novos negócios e empregos verdes, favorecendo a transição ecológica e alinhando o país às metas climáticas internacionais.
Investir em um mercado de carbono regulado não só protege o meio ambiente, mas também impulsiona o crescimento econômico de forma responsável para as empresas e para o Brasil.
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