Quem é Lucas Bove, o deputado bolsonarista acusado de agredir a ex-mulher

O deputado estadual Lucas Bove (PL) é acusado pela ex-esposa, a influencer Cíntia Chagas, de agressão e ameaças. O caso veio a público nos últimos dias após o fim do casamento entre os dois.

O político, formado em Administração e Comércio Exterior, é vice-líder do PL na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Na Casa, ocupa também a vice-presidência da Comissão de Educação. Ele foi eleito como deputado estadual por São Paulo nas eleições de 2022 com 130.451 votos. Com 300 mil seguidores no Instagram, Lucas diz ser “bolsonarista” em sua bio e posta uma série de vídeos de apoio ao agronegócio e sobre sua suposta atuação no combate à criminalidade.

As agressões e ameaças foram revelados pelo colunista Léo Dias em seu blog. Ele teve acesso a um boletim de ocorrência registrado pela ex-mulher e a um pedido de medida protetiva contra o deputado. Os dois documentos foram registrados por Cíntia Chagas no início de setembro.

Segundo o depoimento de Cíntia à polícia, o relacionamento com Bove, iniciado em 2022, foi marcado por comportamentos abusivos. As agressões teriam começado ainda durante o namoro, quando o deputado exigia controle sobre as atividades da influenciadora, solicitando chamadas de vídeo para monitorar onde ela estava. O casamento, oficializado em uma cerimônia na Itália, durou apenas três meses.

O boletim de ocorrência relata que, em um dos episódios, Bove teria jogado uma faca na direção da ex-esposa, ferindo sua perna, e ameaçado “queimar seu corpo”. Em outra ocasião, o parlamentar bolsonarista teria demonstrado ciúmes e acusado Cíntia de querer encontrar homens ricos ao se matricular em uma academia. Ele ameaçou terminar o relacionamento caso ela prosseguisse com a inscrição.

Em nota, a defesa do deputado criticou a divulgação das informações sobre o relacionamento e se limitou a afirmar “a mais absoluta inocência” de Lucas Bove.

“Brevemente será devidamente comprovada nos autos, foro apropriado para tratar das aleivosias lhe assacadas, contra as quais tomará as oportunas medidas cabíveis para responsabilizar seus detratores pelos danos causados, em todas as esferas”, afirmaram os advogados.

Repercussão no PL

Após as denúncias, Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama e presidente do PL Mulher, disse que está acompanhando o caso de perto.

“O PL Mulher está acompanhando o desenrolar dos fatos ora investigados e adotará as medidas cabíveis segundo os resultados obtidos na investigação e nossas diligências”, afirmou.

Vídeos divulgados nas redes sociais mostram Lucas e Cíntia em eventos com o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle. As gravações mostrariam parte do comportamento agressivo do deputado.

Em uma das gravações, revela o colunista, Bove teria insistido, furioso, para a companheira tirar fotos com o ex-presidente e a ex-primeira-dama. Cíntia respondeu que faria o registro assim que terminasse o jantar. Diante da recusa, o parlamentar, visivelmente nervoso, retirou os talheres das mãos da ex-esposa e jogou os itens sobre a mesa. Em seguida, ele puxa a influencer pelo braço, com força. Cíntia Chagas afirmou que foi humilhada e expulsa da celebração: “Vai embora! Você não serve para nada”, disse o então marido na ocasião.

Pedido de cassação

Após as revelações, o PSOL anunciou, nesta quinta-feira 10, que pediu a cassação do mandato do deputado do PL. Segundo a sigla, as acusações de agressão contra a sua ex-companheira são “gravíssimas e precisam ser apuradas com o máximo rigor”.

“A Assembleia Legislativa não pode conviver com agressores de mulheres. Por isso, a bancada do PSOL está acionando o Conselho de Ética da Alesp pedindo a cassação do mandato do deputado”, diz um comunicado compartilhado pela bancada estadual da sigla nas redes sociais.

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O que diz o acusado

Pelas redes sociais, Lucas se pronunciou afirmando que “jamais encostaria a mão para agredir uma mulher”. Ele acusa a mídia de manipular a versão dos fatos e descontextualizar os episódios ao lado da ex-esposa para “comprovar uma narrativa fictícia”.

“Já vimos diversas condenações nos tribunais da internet serem revertidas depois, mas as consequências na vida das pessoas muitas das vezes são irreversíveis”, afirma na gravação.