Política
Fortaleza: Bolsonarista André Fernandes e o petista Evandro Leitão vão ao segundo turno
Os dois superaram um cenário acirrado ao longo do último mês, que terminou com o atual prefeito José Sarto (PDT) derrotado


O bolsonarista André Fernandes (PL) e o petista Evandro Leitão (PT) disputarão o 2º turno em Fortaleza. O resultado foi confirmado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na noite deste domingo 6.
Fernandes fez 40,20% dos votos válidos e Leitão 34,33%. Os dois superaram um cenário acirrado ao longo do último mês, que terminou com o atual prefeito José Sarto (PDT) derrotado, com 11,7% dos votos. Capitão Wagner (União), apontado como favorito na disputa no início da campanha, amargou a quarta posição, com 11,4% dos votos.
Quem é André Fernandes
André Fernandes (PL) é um youtuber e deputado federal listado, constantemente, como um dos expoentes do bolsonarismo na Câmara. De perfil belicoso, é conhecido por tenta emular trejeitos do ex-capitão e de outros membros importantes do clã, como o também deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Fernandes começou figurando em quarto e até quinto lugar nas pesquisas realizadas no início da campanha. Na reta final, no entanto, disparou, assumindo a liderança dos levantamentos e deixando para trás nomes importantes da política local, como o pedetista José Sarto (PDT), que comandava a cidade desde 2020, e o ex-deputado Capitão Wagner (União), que chegou a ser apontado como o favorito neste pleito.
Na política, a prefeitura de Fortaleza é sua terceira empreitada, a primeira, foi como deputado estadual em 2018, quando foi o político mais votado no estado, com 109 mil votos. Quatro anos depois, repetiu o feito e foi eleito como deputado federal mais votado do Ceará, com 229,5 mil votos.
Antes de se lançar na política, fez carreira como youtuber. Postava, num primeiro momento, vídeos de humor duvidoso. Depois, com um público já consolidado, mudou o foco para comentários políticos em apoio a Jair Bolsonaro.
Após ser eleito, empilhou polêmicas e investigações. A primeira delas se deu em 2020, quando chegou a ser afastado da Assembleia Legislativa do Ceará por 30 dias por quebra de decoro parlamentar. Na ocasião, ele acusou, sem provas, um colega de ser integrante de uma facção criminosa. Depois, pego em nova mentira, foi condenado a pagar uma indenização para a jornalista Patrícia Campos Mello, a quem acusou sem provas de trocar favores sexuais por informações contra Bolsonaro. O ataque, além de machista, o rendeu uma multa de 50 mil reais.
Depois, Fernandes foi ainda investigado por nepotismo, comprovado pelo Ministério Público. Em um acordo para evitar processos, reconheceu o delito e pagou multa. Mais tarde, teria voltado a contratar irregularmente, desta vez, uma funcionária fantasma.
Por fim, foi levado ao centro das investigações de tentativa de golpe de Estado no dia 8 de Janeiro. A PF concluiu que ele incitou os atos democráticos que tentaram derrubar o governo Lula (PT). Ele é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo episódio.
Quem é Evandro Leitão
Evandro Leitão (PT) é figurinha carimbada na Assembleia Legislativa do Ceará, onde está no terceiro mandato como deputado estadual. Por lá, inclusive, foi o presidente da Casa e já atuou como líder de governo durante a gestão de Camilo Santana no estado. Na primeira eleição para o cargo recebeu mais de 70 mil votos, ampliando para 83 na eleição seguinte e quase 114 na sua última participação no pleito estadual.
Na política, o petista também foi nome importante do governo de Cid Gomes, fase em que ocupou a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social do Ceará. Nesta eleição, Leitão foi o nome escolhido para representar uma espécie de frente ampla, na qual estão os partidos PCdoB, PV, PP, PSB, PSD, Republicanos e MDB, além, claro, do PT, a qual ele é filiado.
A sua trajetória partidária, importante citar, é quase toda no PDT, partido que ficou de 2009 a 2023. Ele deixou a legenda após as brigas protagonizadas pelos irmãos Gomes, tendo acompanhado Cid no grupo que se desligou da sigla no ano passado. Sua saída, aliás gerou um processo, que ainda não resultou em desfecho: na Justiça Eleitoral, o PDT cobra a vaga para qual ele foi eleito na Assembleia do Ceará, alegando infidelidade partidária e outras irregularidades no processo de desligamento da sigla.
Ainda no imbróglio com o PDT, Leitão processou Ciro Gomes por danos morais. O ex-ministro chamou o deputado de ‘covarde’ no contexto de discussões e assinaturas de um pedido de CPI contra o narcotráfico no Ceará. A ação está em andamento.
Na Justiça, há uma outra acusação que reverberou nestas eleições: a de que ele teria tentado fraudar sua real situação financeira em um processo. Leitão pediu para não pagar as custas de uma ação que movimentava contra um esquema de pirâmide financeira, alegando não ter recursos suficientes, apesar do salário de deputado e da aposentadoria como servidor público. O pedido foi negado, mas gerou certa munição para os adversário.
Antes da política, Leitão ganhou projeção como presidente do Ceará Sporting Clube, tradicional time de futebol do Nordeste, entre os anos de 2008 e 2015. Ele atuou também como servidor público do estado, em especial na área da Fazenda e das Finanças.
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