Jaques Wagner

sen.jaqueswagner@senado.leg.br

Senador (PT-BA). Foi governador da Bahia (2007-2015) e ministro do Trabalho (2003-2004), Defesa (2015) e Casa Civil (2015-2016).

Opinião

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Charlatanismo eleitoral

Muito cuidado com os forasteiros que atiçam a descrença na política com o nítido propósito de ocupar as cadeiras que sempre desdenharam

Charlatanismo eleitoral
Charlatanismo eleitoral
Edifício sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) –Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Estamos a poucos dias das eleições municipais e a pergunta que paira sobre todos nós é: você já sabe em quem votar? Apesar de parecer simples, a resposta é complexa e está diretamente ligada à sobrevivência da democracia. Não é exagero. Sempre gosto de dizer que eleição é a Festa da Democracia. E para que ela continue viva e forte, é necessária a contribuição de todos. Sem participação, ela acaba. A vitalidade democrática exige isso de nós, e não só em cima da hora, mas ao longo de toda a campanha, buscando informações para fazer a melhor escolha.

No entanto, há no Brasil e no mundo um movimento crescente contrário à “política”, de forma geral, o que acaba afastando boa parte do povo dessa festa – feita por ele, com ele e para ele. Já não é incomum se deparar com pessoas que preferem isentar-se do processo eleitoral, provavelmente convencidas por algum charlatão que vendeu a ideia mentirosa de que é melhor ser contra a política, sem nem ao menos se darem conta de que a isenção, por si só, já é uma ação política.

Quem propaga esse tipo de farsa está mal-informado ou mal-intencionado – sendo mais provável a segunda hipótese. É exatamente este o argumento usado por aqueles que apostam na alta abstenção para se apropriar de espaços públicos e atender a interesses pessoais, atuando no extremo oposto do interesse público.

É nesse campo que jogam os forasteiros que, sem propostas, tumultuam o processo, incendeiam a discórdia, provocam a ira de todos com acusações falsas, ofensas e até agressões físicas. Esse sujeito aposta no caos para se tornar opção aos descrentes da política e, assim, sentar-se na mesma cadeira que sempre desdenhou.

Por isso, a participação efetiva e permanente é tão fundamental. A importância do voto vai muito além do simples ato de apertar os números na urna eletrônica. Ela está no engajamento, no debate, na sugestão de ideias, na troca de experiências, no convencimento, na credibilidade de propostas que possam melhorar a realidade das famílias brasileiras.

Essa é a origem do sistema democrático, baseado no conceito que pressupõe “o poder do povo”, organizado para eleger seus representantes pelo voto direto. Por isso mesmo, as melhores candidaturas são aquelas construídas desde a base, no movimento de bairro, na atuação em áreas essenciais como saúde, educação e cultura, no sindicato profissional, na defesa do meio ambiente, na luta por melhores salários, condições de trabalho, moradia digna, segurança, direitos sociais e direitos humanos, entre tantas outras frentes de interesse coletivo.

Sem participação, não há democracia plena, e quanto menor a presença da população, maior o risco de entregar o poder a alguém que não está preocupado em atender às demandas da sociedade no mundo real, mas apenas satisfazer a lógica do entretenimento do mundo digital.

E quando se trata da escolha das autoridades municipais, essa relação entre o povo e o voto é ainda mais forte. É ali que acontece o encontro entre a população e seus possíveis representantes. Essa vibração democrática esteve presente nas últimas semanas em cada um dos inúmeros eventos, caminhadas, carreatas, plenárias, visitas, conversas e debates promovidos pelas candidatas e candidatos em todas as cidades.

Tenho participado, com muita honra, de dezenas de atividades em diversas cidades da Bahia. É gratificante vivenciar o vigor da democracia na prática, nas ruas, nas praças, nas quadras de esportes que emprestam seu espaço para a democracia se apresentar. Como bem diz o querido amigo Leonardo Boff, um dos grandes pensadores do nosso tempo, “a cabeça pensa a partir de onde os pés pisam”.

No nosso campo, temos muito a apresentar para convencer o eleitorado a fortalecer o projeto do presidente Lula e seu time, que disputa o voto em todo o País. Os resultados positivos do governo federal, que já são visíveis – mais empregos, renda maior, inflação controlada, PIB crescendo, entre outros –, tornam a gestão Lula uma vitrine atraente. E é possível buscar informações específicas sobre todos os investimentos federais em cada uma das 5.570 cidades brasileiras.

Por meio do Portal Comunica BR, basta escolher o estado e o município para conhecer o que já foi feito em favor do povo. Ficamos sabendo ali, por exemplo, que 172,2 mil moradores de Salvador têm acesso ao Programa Farmácia Popular, ou que 2,6 mil estudantes da cidade já foram beneficiados com bolsas do ProUni. Há dezenas de exemplos para cada cidade.

A combinação dessas informações com as demandas locais darão mais condições para que cada eleitor ou eleitora decida seu voto. Nosso esforço é para que a eleição signifique mais do que uma convocação, mas que seja um convite para a Festa da Democracia. •

Publicado na edição n° 1331 de CartaCapital, em 09 de outubro de 2024.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Charlatanismo eleitoral’

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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