Política

Justiça solta a primeira-dama de João Pessoa, presa em operação sobre aliciamento de eleitores

Lauremília Lucena terá, contudo, de usar tornozeleira eletrônica

Justiça solta a primeira-dama de João Pessoa, presa em operação sobre aliciamento de eleitores
Justiça solta a primeira-dama de João Pessoa, presa em operação sobre aliciamento de eleitores
Polícia Federal prende Lauremília Lucena, primeira-dama de João Pessoa. Foto: Reprodução/TV Cabo Branco
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A juíza eleitoral Maria de Fátima Ramalho mandou soltar a primeira-dama de João Pessoa, Lauremília Lucena, presa pela Polícia Federal no último sábado 28 em uma investigação sobre aliciamento violento de eleitores. O despacho foi assinado na tarde desta terça-feira 1º.

A decisão também beneficia uma secretária pessoal de Lauremília e a vereadora Raíssa Lacerda (PSB), alvo da mesma apuração. As três terão de usar tornozeleiras eletrônicas e estão proibidas de se comunicar com outros suspeitos.

A magistrada – a mesma que ordenou a prisão do trio – argumentou que elas não oferecem riscos às investigações e são rés primárias. “Verifico que os requisitos que autorizaram o decreto preventivo não mais subsistem pois a conduta que se quer evitar já não pode mais ocorrer desde o dia 6 de julho.”

No pedido de prisão, os investigadores da PF mencionaram citações à primeira-dama em diálogos de investigados por coação eleitoral, com indícios de que Lauremília teria bancado a indicação de integrantes da facção Nova Okaida para cargos na prefeitura em troca de apoio nas eleições deste ano.

“Estive com Lauremília quinta-feira. O seu vai sair próximo mês. Tiveram que tirar de uns para colocar em outros”, afirmou um dos alvos da Operação Território Livre, segundo relato enviado à Justiça. O recado foi enviado por Pollyanna Monteiro, esposa de um homem apontado como traficante da organização.

Pollyana é investigada por supostamente coagir moradores do bairro São José a votarem nos candidatos escolhidos pela facção.

Em outras conversas interceptadas, a vereadora Raíssa aparece pedindo a “substituição de uma nomeação por outra, que a esposa seja contratada no lugar do marido, já que este teria sido preso”, de acordo com a PF. Os dois citados pela parlamentar têm passagens pelo sistema penitenciário: ele, por tráfico de drogas, roubo e homicídio; ela, por tráfico de drogas.

O homem é faccionado da Nova Okaida e tinha vínculo com a prefeitura até janeiro, quando foi preso. Naquele mês, Raíssa pediu que ele fosse substituído pela mulher, também da facção, de acordo com a polícia. A vereadora, contudo, não conseguiu emplacar a troca e levou o assunto diretamente à esposa do prefeito Cícero Lucena.

Sustentou a PF: “A esposa de um traficante, com grande ingerência no sistema eleitoral exige que seus filhos sejam contratados e tem sucesso quanto à exigência. A participação de Maria Lauremília, nessa fase do crime, é incontestável. Os pleitos são levados diretamente a ela, sem dissimulação quanto ao motivo”.

Ainda segundo os investigadores, apesar de Lauremília não interferir no pleito, tem “interesse no apoio da facção criminosa para a campanha de seu marido”.

As investigações da PF e da Polícia Civil sobre o aliciamento violento de eleitores têm marcado o debate eleitoral em João Pessoa. No início de setembro, candidatos que disputam contra o atual prefeito se reuniram e pediram à Justiça Eleitoral que o pleito contasse com tropas federais.

Luciano Cartaxo (PT), Marcelo Queiroga (PL) e Ruy Carneiro (Podemos) alegam que Cícero Lucena, que tenta a reeleição, possui ligações com o crime organizado. O trio relata dificuldades para fazer campanhas em muitas comunidades porque estaria sendo impedido por facções.

A campanha de Cícero Lucena rebateu as acusações e disse que os adversários se uniram em prol de “um festival de preconceito, mentiras e ataques às instituições”. Também afirmou, em nota, que a tese levantada pelos candidatos busca macular sua imagem e a da capital paraíbana.

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