Política
Justiça ordena encerramento de campanha em reduto de Calheiros e Lira em Alagoas
A decisão proíbe comícios e eventos públicos em Taquarana após registros de intimidação, ameaças e uso de armas de fogo


A Justiça Eleitoral de Alagoas determinou a suspensão imediata de todos os atos de campanha nas ruas da cidade de Taquarana, no agreste alagoano, em razão de repetidos relatos de violência, intimidações e ameaças durante a disputa eleitoral. As informações são do repórter Carlos Madeiro, do UOL.
A decisão afeta diretamente os candidatos à Prefeitura, proibindo carreatas, passeatas, comícios e qualquer evento que provoque aglomerações. Quem descumprir a medida estará sujeito a uma multa de 100 mil reais.
Na sentença, o juiz Carlos Bruno de Oliveira Ramos destacou que “diversos registros indicam a existência de excessos nos atos de campanha, com agressividade exacerbada e provocações mútuas”, além de denúncias graves envolvendo perseguições e o uso de armas de fogo. A situação, segundo o magistrado, está causando temor entre os eleitores e ameaçando a legitimidade do processo eleitoral.
Rivalidade e intimidação
A disputa em Taquarana, município de 19 mil habitantes, reflete a rivalidade política mais ampla de Alagoas, entre o senador Renan Calheiros (MDB) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP). Os dois candidatos à Prefeitura, Geraldo Cícero da Silva (MDB) e Sebastião Antônio da Silva, conhecido como Bastinho Anacleto (PP), representam essas duas forças políticas, e a tensão local tem escalado nos últimos dias.
Relatos da presença de “diversos homens armados” durante eventos de campanha foram confirmados por ambas as coligações. O pedido de suspensão das atividades, inclusive, foi feito pelas próprias coligações, diante do temor de que a violência pudesse agravar-se ainda mais.
O Ministério Público Eleitoral também se manifestou, anexando provas à sua petição, como vídeos de um caixão de papelão com a foto de Bastinho Anacleto, que foi chicoteado em público, e comentários incentivando a violência nas redes sociais. “Tá com raiva, se mate!”, dizia um dos comentários. Do lado da campanha de Geraldo Cícero, foi relatada uma ameaça explícita de um rival: “A partir das 18h é para apanhar e ficar calado”, segundo testemunhas.
Em sua manifestação, o MPE classificou os eventos como uma ameaça à ordem pública e à segurança dos cidadãos, ressaltando que as animosidades entre os partidários e simpatizantes ultrapassaram os limites da civilidade.
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