Política
Nunes apela ao ‘voto útil’ contra Boulos no 1º turno para desidratar Marçal
O candidato do PSOL, por outro lado, tende a não adotar essa estratégia no campo progressista


O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), decidiu apostar na estratégia do chamado “voto útil” na reta final de sua campanha pela reeleição. O objetivo é enfraquecer a candidatura de Pablo Marçal (PRTB), sua principal ameaça no campo da direita.
“Vote seguro. Para ganhar do Boulos, o voto é 15”, diz uma nova propaganda na TV. A peça reforça que o candidato do PSOL venceria Marçal no segundo turno, de acordo com pesquisas. “Quem vota no Marçal está ajudando Boulos a ganhar”, completa a inserção.
O “voto útil” é, em resumo, uma tática pela qual um eleitor escolhe um candidato que não necessariamente é a sua primeira opção, a fim de evitar um “mal maior”.
A veiculação do comercial de Nunes ocorre um dia depois de uma pesquisa Datafolha indicar que o prefeito venceria qualquer adversário no segundo turno, enquanto Boulos superaria o ex-coach.
Confira os cenários projetados pelo levantamento:
Cenário 1:
- Ricardo Nunes: 52%
- Guilherme Boulos: 36%
- Em branco/nulo/nenhum: 11%
- Indecisos: 1%
Cenário 2:
- Ricardo Nunes: 57%
- Pablo Marçal: 26%
- Em branco/nulo/nenhum: 15%
- Indecisos: 1%
Cenário 3:
- Guilherme Boulos: 47%
- Pablo Marçal: 38%
- Em branco/nulo/nenhum: 15%
- Indecisos: 1%
Se Nunes, à direita, optou por recorrer ao “voto útil”, Boulos tende a não adotar essa estratégia no campo progressista – mirando, por exemplo, os eleitores de Tabata Amaral (PSB).
O risco de apostar em um chamado aberto ao “voto útil” é queimar pontes com os partidos dos candidatos prejudicados, dificultando ou inviabilizando uma aliança no segundo turno. No caso do PSB, o cenário é ainda mais delicado, uma vez que a legenda abriga o vice-presidente Geraldo Alckmin e controla dois ministérios.
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