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Bets/ Tchê tchererê tchê tchê

Gusttavo Lima segue na mira da Justiça pernambucana

Bets/ Tchê tchererê tchê tchê
Bets/ Tchê tchererê tchê tchê
Imagem: Redes sociais
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Após facilitar a fuga de dois acusados de participação na fraude das apostas online, uma das razões pelas quais a Justiça de Pernambuco mandou prendê-lo, o cantor sertanejo Gusttavo Lima usou um dos seus jatinhos para escapar das garras da lei. O provável destino (oh, surpresa) é ­Miami. A Polícia Federal incluiu Lima na lista de procurados nos aeroportos. “A conivência de ­Nivaldo ­Batista ­Lima (nome verdadeiro de ­Gusttavo Lima) com foragidos não apenas compromete a integridade do sistema judicial, mas também perpetua a impunidade em um contexto de grave criminalidade”, anotou a juíza ­Andrea Calado da Cruz na ordem de detenção. O sertanejo é alvo da mesma investigação de lavagem de dinheiro no esquema de bets que levou à cadeia a influencer ­Deolane ­Bezerra, cuja liberdade foi determinada na segunda-feira 23. O sertanejo era sócio de dois acusados de fraude, José André da ­Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta Henriques Rocha, fundadores da Vai de Bet. A defesa do cantor alega inocência. Segundo os advogados, ele “jamais seria conivente com qualquer fato contrário ao ordenamento de nosso país e não há qualquer envolvimento dele ou de suas empresas com o objeto da operação deflagrada pela polícia pernambucana”.

Uma dúvida: mau gosto e música ruim podem ser considerados agravantes em um eventual caso de condenação?

P.S.: Na terça-feira 24, a Justiça acatou os argumentos da defesa e revogou a ordem de prisão. O sertanejo, avisam os advogados, deixará o esconderijo na Flórida e retomará a agenda de shows no Brasil. A investigação prossegue.

Flow, pá, pow

O debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo promovido pelo Flow terminou em pancadaria. Um segurança do coach Pablo Marçal agrediu o marqueteiro do prefeito Ricardo Nunes. Os dois postulantes se estranharam durante todo o programa. Antes do evento, o canal deixara a entender que, ao contrário dos encontros em outros canais, haveria mais liberdade – ou liberalidade. Nem a mediação do sisudo Carlos Tramontina, ex-Globo, evitou a tragicomédia anunciada. A tendência generalizada é acusar Marçal pela baixaria, mas, neste caso, a culpa é de todos que aceitaram participar de um convescote idealizado por um canal que até pouco tempo tinha entre seus quadros um apologista do nazismo. Tudo pela audiência, certo? No fim, ninguém saiu limpo do chiqueiro.

Justiça/ A “cadeirada” em Musk

O Marçal das redes sociais decide acatar as leis brasileiras

O bilionário tornou-se uma caricatura de vilão – Imagem: Cleverson Oliveira/MCom

Nem tão devagar que pareça afronta, nem tão depressa que indique medo. Essa parece ser a estratégia de Elon Musk, o ­Pablo Marçal das plataformas digitais, para resolver as pendências com a Justiça brasileira. Para os trouxas que o consideram um paladino da “liberdade de expressão”, Musk continua a usar a fantasia. Tenta emplacar memes do “algoz” Alexandre de ­Moraes e colar no ministro do Supremo Tribunal ­Federal a pecha de ditador. Escreve em maiúsculas, bate no peito, finge indignação. As sucessivas decisões de Moraes que desaguaram na suspensão da rede X tiveram, no entanto, o mesmo efeito da cadeirada de ­José Luiz Datena no coach-candidato. Em público, Musk é um tigrão, mas nos bastidores é uma tchutchuca. Como qualquer cidadão, nativo ou estrangeiro, terá de se submeter à legislação do País. Quando toda a documentação do X for verificada pelo STF, a plataforma será autorizada a operar novamente no Brasil, o que deve acontecer nos próximos dias. A pressão dos acionistas da empresa falou mais alto. Nem todo mundo, por mais ideológico, está disposto a rasgar dinheiro. E Musk é outro a confirmar: a extrema-direita só é valente no ambiente virtual.

A Tailândia diz sim

Maha Vajiralongkorn, rei da Tailândia, promulgou, na terça-feira 24, a lei aprovada em julho pelo Parlamento que reconhece o casamento homossexual. É o primeiro país do Sudeste Asiático e o terceiro da Ásia, depois de Taiwan e Nepal, a aprovar uma legislação do tipo. O texto modifica as referências a “homens”, “mulheres”, “maridos” e “esposas” por termos neutros – “indivíduos” e “casais em matrimônio”. A legislação também estabelece os mesmos direitos garantidos aos heterossexuais em assuntos como adoção e herança.

Ucrânia/ Uma viagem frustrante

Zelensky ouve mais do mesmo na visita a Nova York

O ucraniano pede mais. EUA e Europa tergiversam – Imagem: Spencer Platt/Getty Images/AFP

O presidente da Ucrânia, ­Volodymyr Zelensky, estava na plateia quando Lula fez, na abertura da Assembleia-Geral da ONU, uma menção rápida e protocolar à guerra com a Rússia. A equipe de tevê fez questão de mostrar a cara de poucos amigos do ucraniano, quando o brasileiro, que acusa de alinhamento a Vladimir Putin, mencionou o impasse no conflito e a necessidade de uma proposta realista de paz. Zelensky ouviu, no entanto, coisa pior para o seu ego e ilusões. Donald Trump afirmou pretender retirar o apoio a Kiev, caso vença as eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro. O atual presidente, Joe Biden, anunciou um pacote adicional de 375 milhões de dólares, cerca de 2 bilhões de reais, de apoio militar à Ucrânia. Entre os armamentos a serem enviados constam bombas de fragmentação de médio alcance, proibidas em mais de 110 países. Zelensky continua a insistir, sem sucesso, na liberação do uso de armas de longo alcance. E diz acreditar em uma vitória militar em dois anos, se o Ocidente aumentar o apoio financeiro. ­Washington resiste, por temer a transformação de uma guerra concentrada no território ucraniano em um conflito de proporções globais.

Publicado na edição n° 1330 de CartaCapital, em 2 de outubro de 2024.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘A Semana’

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