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ONU reporta 90 mil novos deslocados no Líbano por bombardeios israelenses
A tensão na região foi ampliada nesta quarta-feira quando o Hezbollah, em resposta aos ataques de Israel, disparou um míssil contra Tel Aviv; o ataque foi interceptado, mas, ainda assim, classificado como ‘muito preocupante’


Mais de 90 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas no Líbano desde segunda-feira devido aos bombardeios israelenses, informou uma agência da ONU nesta quarta-feira (25).
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) registrou “90.530 novos deslocados” desde segunda-feira, informou a entidade em um comunicado.
Entre eles estão “muitas das mais de 111 mil pessoas deslocadas desde outubro”, que provavelmente tiveram de fugir uma segunda vez, afirmou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Na segunda-feira, os ataques aéreos israelenses no Líbano mataram 558 pessoas, segundo as autoridades libanesas, o número mais alto em um dia desde o fim da guerra civil do país (1975-1990).
O ministro das Relações Exteriores libanês, Abdallah Bou Habib, declarou na terça-feira que o número de pessoas deslocadas no Líbano era “provavelmente perto de meio milhão”.
Mais 51 mortos
Apenas nos bombardeios desta quarta-feira, Israel teria matado 51 pessoas no Líbano. O balanço, que tende a aumentar, se junta aos mais de 500 mortos desde segunda-feira pelo exército liderado por Benjamin Netanyahu.
Ainda segundo autoridades libaneses, são 223 feridos pelos ataques iniciados ainda durante a madrugada.
Uma coluna de fumaça sobre a vila de Sujud, no sul do Líbano, após um novo ataque aéreo de Israel.
Foto: Rabih DAHER / AFP
Tropas na fronteira
O chefe do Exército Israel também pediu que as tropas estejam preparadas para uma “possível entrada” no Líbano. A ordem foi oficializada nesta quarta-feira, pouco depois dos caças israelenses bombardearem os primeiros alvos do Hezbollah no país vizinho.
“É possível ouvir os aviões daqui; estamos atacando todos os dias. Tanto para preparar o terreno para uma possível entrada como para continuar atacando o Hezbollah”, disse o tenente-general Herzi Halevi a uma brigada de tanques, de acordo com um comunicado divulgado pelos militares.
‘Muito preocupante’
A ampliação no volume de bombas lançadas no Líbano fez, também, que o Hezbollah tentasse uma ousada resposta nesta quarta-feira, lançando um míssil do tipo terra-terra na sede da Mossad, o serviço de inteligência de Israel, em Tel Aviv. O ataque, porém, foi frustrado pelo sistema de defesa israelense.
A tentativa de bombardear a Mossad foi classificadas pelos Estados Unidos, principal aliado de Israel, como ‘muito preocupante’.
Foguetes disparados do sul do Líbano são interceptados pelo sistema de defesa aérea ‘Iron Dome’, de Israel. Foto da noite do dia 24 de setembro de 2024.
Foto: Jack Guez / AFP
“É certamente muito preocupante, obviamente para os israelenses e, claro, para nós também”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, à CNN. “Ainda há tempo e espaço para uma solução diplomática que diminua as tensões e evite uma guerra total”, acrescentou.
Em declarações separadas ao “Today Show” da NBC, o chefe da diplomacia americana Antony Blinken também apelou a uma solução diplomática para o conflito.
“O que todos querem é ter um ambiente seguro onde as pessoas possam simplesmente ir para casa, as crianças possam voltar à escola (…). A melhor maneira de conseguir isso não é por meio da guerra, não é por meio de uma escalada, seria por meio de um acordo diplomático”, estimou.
(Com informações de AFP)
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