Política
Para colar em Bolsonaro, Nunes pede ‘reconhecimento’ a youtuber neto de ditador
A participação do ex-presidente na campanha do prefeito de São Paulo é tímida; além disso, Pablo Marçal (PRTB) ameaça os votos do emedebista
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), repetiu uma série de chavões da extrema-direita em entrevista ao blogueiro Paulo Figueiredo, neto do ex-ditador João Figueiredo – o último presidente do regime militar.
Nunes conta formalmente com o apoio de Jair Bolsonaro (PL), mas a participação do ex-presidente na campanha é tímida até aqui. Além disso, Pablo Marçal (PRTB) avançou sobre uma fatia significativa das intenções de voto do emedebista, segundo pesquisas.
Apesar de não ser um “bolsonarista raiz”, Nunes tenta vestir a fantasia da melhor forma possível à medida que a eleição se aproxima. Nos últimos levantamentos, ele demonstrou resiliência e apareceu numericamente em primeiro lugar, mas tecnicamente empatado com Guilherme Boulos (PSOL) e Marçal.
“Aqui é uma cidade importantíssima para não deixar, de jeito nenhum, uma semente do comunismo, da extrema-esquerda”, disse Nunes. “E eu queria tanto ter o seu reconhecimento sobre isso: o esforço que a gente está fazendo para poder vencer a extrema-esquerda e extirpar da nossa cidade.”
Figueiredo, por sua vez, disse que apoiará Nunes em um eventual segundo turno contra Boulos.
“Sou contra as drogas, pró-vida desde a concepção, cristão, católico praticante, vou na missa todos os domingos”, definiu-se o prefeito em outro momento da entrevista.
Ele ainda disse ter “humildade” para reconhecer um suposto erro ao apoiar a obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19 e afirmou não ter “nada contra” o voto impresso, uma bandeira de bolsonaristas para alegar fraudes (jamais comprovadas) no sistema eletrônico de votação.
Por fim, enquanto Marçal desponta como um possível candidato a presidente em 2026, Ricardo Nunes declarou que “com certeza absoluta” apoiaria Bolsonaro caso o ex-capitão revertesse sua inelegibilidade.
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