Política
‘Terrorismo climático’: Marina diz que 60% do território nacional está sob risco de queimadas
Ministra defendeu endurecimento da pena para incêndios criminosos


Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o Brasil tem cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados sob risco de pegar fogo. O número representa quase 60% da área total do País.
“Num contexto como esse, se as pessoas não pararem de atear fogo, nós estamos diante de uma situação […] de uma área de quase 5 milhões de quilômetros quadrados com matéria orgânica muito seca em processo de combustão muito fácil em função da baixa umidade, da alta temperatura, da velocidade dos ventos”, disse Marina, nesta terça-feira 17, em entrevista ao programa “Bom Dia, Ministro, da EBC.
Frente à maior seca da história do Brasil, a interpretação da ministra é que os incêndios que atingem o País acontecem por ação criminosa. Ela usou a expressão “terrorismo climático” para definir a prática.
“A diferença é que aqui no Brasil tem essa aliança criminosa, de uma espécie de terrorismo climático, onde as pessoas estão usando a mudança do clima para agravar mais ainda o problema. Isso é um crime contra o interesse público, contra a finança pública. Um crime que, com certeza, deve ter uma pena agravada”, apontou a ministra.
A Polícia Federal (PF) já começou a investigar supostas ações criminosas relacionadas aos incêndios. No momento, mais de 52 inquéritos já foram iniciados pela corporação. Entre outros locais, as investigações tratam de incêndios na Amazônia, no Pantanal e no Distrito Federal, a exemplo da queimada na Floresta Nacional de Brasília.
Na entrevista de hoje, a ministra indicou que, neste momento, todos os focos de incêndio no País são apurados, a princípio, como queimadas criminosas.
Para Marina, as penas contra a prática criminosa são “inadequadas”, o que estimula os incêndios criminosos.
“A pena de dois a quatro anos de prisão é leve e, quando a pena é leve, às vezes ela é transformada em algum tipo de pena alternativa e ainda há atitudes de alguns juízes que relaxam completamente essa pena”, afirmou Marina.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Fogo avança e queima 700 hectares do Parque Nacional de Brasília
Por Agência Brasil
Defesa Civil diz que ação humana causou 99,9% dos incêndios em SP
Por Agência Brasil
PF abre inquérito para investigar incêndio em Brasília
Por Agência Brasil