Política

Cadeirada e direitos de resposta dão o tom de novo debate de candidatos a prefeito de São Paulo

Datena e Marçal se reencontraram menos de 48 horas após o debate da ‘TV Cultura’

Cadeirada e direitos de resposta dão o tom de novo debate de candidatos a prefeito de São Paulo
Cadeirada e direitos de resposta dão o tom de novo debate de candidatos a prefeito de São Paulo
Candidatos voltaram a se encontrar na manhã desta terça - Imagem: Reprodução / RedeTV
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A cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB) foi o principal assunto do debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, realizado na manhã desta terça-feira 17 pela RedeTV e pelo UOL. O encontro foi marcado por dezenas de pedidos de resposta, muitos deles concedidos.

Reunidos menos de 48 horas após o debate da TV Cultura, que ficou marcado pela cadeirada, Datena e Marçal tiveram a companhia de Guilherme Boulos (Psol), Marina Helena (Novo), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB) – e todos falaram sobre o tema.

Marçal não quis conversar com a imprensa ao chegar ao local do debate e foi grosseiro ao falar com o repórter Diego Sarza, do UOL. Com o braço direito enfaixado, mas sem tipoia, ele se dirigiu diretamente ao auditório.

Datena, que chegou minutos antes, estava bem humorado. Cumprimentou amigavelmente Guilherme Boulos (Psol) e assessores dos demais candidatos, além de jornalistas antes do início do debate.

Por sorteio, o primeiro a perguntar foi Boulos, que escolheu Datena para responder. Ao iniciar a discussão, ele falou sobre o episódio de domingo dizendo que a cadeirada é menos importante que o que vem nos próximos quatro anos.

“Não estou nem um pouco feliz com o que aconteceu com o último debate, claro que não, mas desde criança meu pai me ensinou que eu teria de honrar a mim mesmo e a minha família até a morte. Estou disposto a fazer isso e a conversar”, disse o candidato apresentador.

Marçal, segundo a perguntar, iniciou a participação mostrando, mais uma vez, que não mudaria o tom: ele chamou de Nunes de “Bananinha” e foi repreendido pela apresentadora Amanda Klein. Ao iniciar uma pergunta ao atual prefeito, ele, na verdade, falou a Datena, e retomou o tema da cadeirada.

“No último debate eu estava terminando minha fala falando que o Datena não é homem. E aqui ratifico: ele é um agressor. As cadeiras aqui foram parafusadas no chão, pois ele teve comportamento análogo a um orangotango, em uma tentativa de homicídio contra mim. Quero agradecer todos os candidatos, que não foram solidários”, disse, se negando a fazer uma pergunta a Nunes.

Provocações continuam

Marçal seguiu, então, distribuindo ataques. Chamou Nunes de “tchutchuca [sic] do PCC”, tentando se desvincular das insinuações de proximidade com a facção criminosa; além disso, retomou as acusações sobre agressões do atual prefeito à esposa.

O encontro foi marcado, ainda, por um “festival” de pedidos de direito de resposta. No primeiro que foi concedido, Datena afirmou que vai acionar a Justiça para que Marçal responda sobre injúria. “Eu não bato em covarde duas vezes. Covarde apanha uma vez só”, provocou.

Nunes também teve direito de resposta concedido e afirmou que Marçal “saiu da cadeia, e que a cadeia não saiu de dentro dele”, em referência à condenação do ex-coach por envolvimento com quadrilha de assalto a bancos.

Marçal, por sua vez, deu prosseguimento ao ‘show de horrores’, com agressões a Datena, Nunes e Boulos, com direito a gritaria interrompida pela apresentadora com advertência e ameaça de exclusão. Ele chegou a pedir desculpas para Tabata Amaral por referências ao pai dela enquanto distribuía outros ataques.

‘Cadeirada moral’

Por mais que eventualmente os candidatos tentassem mudar o assunto, a cadeirada sempre voltava ao centro do debate. Ao acionar Marina Helena perguntando sobre o apoio dela a atos antidemocráticos com ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, Datena ouviu que as agressões verbais não eram comparáveis aos ataques físicos.

“A cadeirada quem levou fui eu, uma cadeirada moral”, respondeu o apresentador, citando as acusações de Marçal sobre estupro. “A cena que esse covarde fez para entrar no Sírio [em referência à internação de Marçal no Hospital Sírio Libanês]. Ele deveria ter sido internado no oitavo andar, que é a ala psiquiátrica”, respondeu Datena.

Debate esfria

Em meio aos inúmeros pedidos de direitos de resposta e a diversas advertências, o tom do debate mudou nos blocos finais. Ainda assim, houve outros episódios de agressão.

Ao abrir uma pergunta a Guilherme Boulos, Marçal foi advertido pela apresentadora após chamar o psolista de “Boules”, em deboche sobre o tema da “linguagem neutra”. 

“Marçal, você vive de mentiras. Ataca, mente e depois toma uma cadeirada”, afirmou Boulos ao responder a insinuações do “ex-coach” de que tinha realizado ataques à Praça dos Três Poderes durante o governo de Michel Temer (MDB).

Durante direito de resposta, Datena chamou Marçal de “bandido, ladrão virtual de velhinhos pela internet”. “Quem mente para você sobre a vida dos outros tinha que explicar como ficou milionário em tão pouco tempo, agindo dessa forma, pela internet, roubando bancos”, afirmou.

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