Política
Marçal levou cadeirada física após desferir cadeiradas morais, diz ex-tucano crítico de Datena
Para Aloysio Nunes, o oportunismo do PSDB levou a uma escolha desastrada de candidatura. Marçal, por sua vez, ‘catalisa o que há de pior na sociedade’


José Luiz Datena (PSDB) perdeu a cabeça ao atacar com uma cadeira o adversário Pablo Marçal (PRTB) em um debate de candidatos à prefeitura de São Paulo, mas a agressão ocorreu após o ex-coach lançar uma série de “cadeiradas morais” contra o apresentador, avalia o ex-ministro Aloysio Nunes.
Crítico da candidatura de Datena, Nunes deixou o PSDB em junho, após mais de 25 anos no partido. Na ocasião, disse ver a legenda como uma “linha auxiliar do bolsonarismo” nos últimos anos. Ele foi vice-governador paulista, deputado, senador, ministro da Justiça e chanceler – atualmente, trabalha no escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, a ApexBrasil, na Bélgica.
“O Datena reconheceu que perdeu a cabeça. Marçal levou uma cadeirada física, mas deu várias cadeiradas morais no Datena, agrediu o Datena de uma maneira abjeta, torpe”, disse Aloysio Nunes a CartaCapital. “A presença dele [Marçal] catalisa tudo o que há de pior na política e na sociedade brasileiras. Ele é um abscesso de fixação do que há de mais escroto, de mais boçal, de mais violento na sociedade.”
Para o ex-chanceler, Datena e Marçal deveriam ter sido expulsos do debate – o candidato do PRTB recebeu autorização da TV Cultura para continuar, mas alegou ausência de condições.
Questionado sobre a falta de competitividade de Datena, Nunes afirmou que o candidato não é o principal culpado. Segundo ele, a escolha do representante tucano na eleição foi desastrada e fruto de oportunismo político.
“Buscar com a candidatura do Datena retomar o protagonismo político do PSDB na cidade de São Paulo? Veja que bela retomada”, ironizou. “Quer lançar uma candidatura para marcar o PSDB na paisagem política paulistana? Pega uma parte importante do PSDB que ainda permanece no partido. O José Aníbal é um deles. Mas, não, resolveram com uma operação midiática.”
A mais recente pesquisa Datafolha, publicada na última quinta-feira 12, atesta a queda livre de Datena: ele marcava 14% das intenções de voto no início de agosto – quando empatava com Marçal -, mas recuou para 10%, depois para 7% e agora para 6%.
Se as consequências eleitorais da cadeirada ainda são incertas, a repercussão legal começa a se desenrolar: a Polícia Civil abriu nesta segunda um inquérito por lesão corporal e injúria. Marçal também pretende pedir na Justiça Eleitoral a cassação da candidatura do tucano, mas não há chances concretas de a demanda prosperar.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Polícia abre inquérito por suposta lesão corporal na cadeirada de Datena em Marçal
Por Wendal Carmo
Cadeirada fez Marçal perder o controle da narrativa nas redes, aponta analista; veja memes
Por CartaCapital