Política
PP troca membros na CCJ em busca do apoio da oposição para presidência da Câmara
Colegiado deverá analisar projetos caros ao bolsonarismo; presidente da sigla, Ciro Nogueira (PI), é entusiasta da candidatura do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB)


O PP decidiu trocar três integrantes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. O motivo é a busca pelo apoio do PL, partido de oposição ao governo Lula (PT), na disputa pela presidência da Casa, marcada para o início do ano que vem.
Os deputados Pedro Lupion, Delegado Fabio Costa e Amanda Gentil assumiram os lugares dos parlamentares Aguinaldo Ribeiro, Dr. Remy Soares e Fausto Pinato na Comissão.
A mudança acontece em momento-chave para a atuação da CCJ, que é presidido pela deputada Carol de Toni (PL-SC): nesta terça-feira, o colegiado deverá analisar um pacote de projetos que mira a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Primeiro, a CCJ vai se debruçar sobre o chamado ‘PL da Anistia’, que busca assegurar o perdão para as mais de duzentas pessoas já condenadas pela tentativa de golpe de Estado no 8 de Janeiro.
O projeto, que é caro ao bolsonarismo, diz que “ficam anistiados manifestantes, caminhoneiros, empresários e todos os que tenham participado de manifestações nas rodovias nacionais, em frente a unidades militares ou em qualquer lugar do território nacional do dia 30 de outubro de 2022 ao dia de entrada em vigor desta Lei”.
Em seguida, a comissão deverá avaliar uma proposta que pretende fazer com que o Congresso tenha o poder de sustar decisões do STF, em claro confronto com a Corte. Outro projeto a ser analisado é o que tenta barrar decisões individuais de ministros do STF, conhecidas como ‘monocráticas’.
Segundo interlocutores, as mudanças nos integrantes do PP na CCJ podem ajudar nas aprovações das propostas a serem avaliadas. Essa seria uma forma de aproximar a sigla do PL, partido da base do ex-presidente Jair Bolsonaro.
As mudanças contaram com o aval do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Outro entusiasta foi o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP.
No caso de Nogueira, uma eventual aproximação do PP com o PL pode dar força à candidatura do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Câmara. O senador é um dos principais entusiastas da candidatura do deputado paraibano.
O governo, até agora, tem se mantido neutro a respeito da sucessão de Lira. Lula, por exemplo, já disse que ‘não tem candidato’ à presidência da Casa. Na semana passada, o petista encontrou Hugo Motta.
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