Entrevistas
O risco do fator Pablo Marçal para as eleições de 2026, segundo historiador
Em entrevista a CartaCapital, João Cezar de Castro Rocha defendeu que a Justiça Eleitoral barre a candidatura do ex-coach


O historiador João Cezar de Castro Rocha recorre a analogias para explicar a diferença entre Jair Bolsonaro (PL) e o candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB), que tem crescido nas pesquisas de intenção de voto e gerado apreensão na família do ex-presidente.
Para Rocha, embora Bolsonaro se apresentasse ao eleitorado como antipolítico, ele fazia parte do sistema que criticava – foi deputado por 27 anos – e desfrutava de benesses dessa relação, “uma espécie de parasita dominante, que depende do hospedeiro”.
Marçal, por sua vez, seria o “parasita que mata o hospedeiro”, já que o interesse do ex-coach seria colonizar a política a partir da economia da atenção, o que pode colocar em risco a soberania nacional.
João Cezar de Castro Rocha foi o convidado do programa Direto das Eleições nesta quarta-feira 4, no canal de CartaCapital no Youtube. Ele é autor das obras Guerra Cultura e Retórica do Ódio (2021) e Bolsonarismo, da Guerra Cultural ao Terrorismo Doméstico (2023).
O professor falou sobre a necessidade de o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo barrar a candidatura de Marçal por abuso de poder econômico, uso indevido dos meios de comunicação e desobediência.
“Para alguém ser freado pelo sistema político é preciso respeitar as regras do jogo, e ele entrou para desrespeitar as regras”, avalia. “Se nós permitirmos, será mais grave do que a tentativa de golpe no 8 de Janeiro.”
Assim, prossegue Rocha, há uma “tarefa histórica” diante do TRE-SP. “Nunca alguém cometeu tanto crime de desobediência em uma eleição brasileira. O Código Eleitoral está absolutamente descaracterizado.”
Não basta, porém retirar o empresário da eleição paulistana, de acordo com o professor.
“É indispensável que ele seja considerado inelegível por oito anos. Se não ficar claro que a Justiça Eleitoral não permitirá o desvirtuamento do processo eleitoral, em 2026 o Brasil será a antessala do inferno, porque acontecerá um milagre, o mais perverso de todos: a multiplicação de ‘Pablos Marçais'”, advertiu. “Nenhum país resistirá à tensão social e à desmoralização das instituições causadas pela proliferação de ‘Marçais’.”
Assista à entrevista completa:
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