Economia

Investimentos chineses no Brasil crescem 33% durante primeiro ano do governo Lula

O aumento ocorre apesar da queda de 17% nos investimentos estrangeiros, mas ainda é a segunda cifra mais baixa desde 2009, superando apenas 2022

Investimentos chineses no Brasil crescem 33% durante primeiro ano do governo Lula
Investimentos chineses no Brasil crescem 33% durante primeiro ano do governo Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia com o homólogo Xi Jinping. Foto: Ken Ishii / POOL / AFP
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Os investimentos chineses no Brasil somaram US$ 1,73 bilhão em 2023, no primeiro ano do governo Lula (PT), um aumento de 33% em relação ao ano anterior, o último do governo de Jair Bolsonaro (PL). É o que aponta dados do Conselho Empresarial Brasil-China, o CEBC.

O aumento ocorreu apesar da queda de 17% nos investimentos estrangeiros de forma geral no Brasil, que chegaram a US$ 62 bilhões naquele ano, segundo o Banco Central do Brasil.

Mesmo com um crescimento relativamente alto, contudo, a cifra é a segunda mais baixa desde 2009, superando apenas o resultado de 2022, quando os aportes do país asiático no Brasil chegaram a US$ 1,3 bilhão.

Ao todo, a China investiu em 29 projetos em 2023. A avaliação do CEBC é que, desde 2017, o número de empreendimentos chineses no Brasil tem mantido um patamar elevado, variando entre 24 e 32 – exceto em 2020, quando foram registradas apenas oito iniciativas, refletindo o esfriamento dos fluxos de investimentos no exterior causado pelo ápice da pandemia. Por outro lado, o valor investido anualmente tem sido menor em períodos recentes. Entre 2020 e 2023, a média desses aportes foi de US$ 2,71 bilhões por ano – cifra 58% inferior à média anual de US$ 6,53 bilhões verificada entre 2016 e 2019.

Além de mais projetos menos intensivos em capital nos últimos anos, o câmbio também ajuda a explicar a queda recente. Entre 2020 e 2023, a moeda brasileira teve considerável depreciação, com o valor médio do dólar atingindo R$ 5,18.

A área da eletricidade foi a que liderou os investimentos chineses no País, com 39% de participação, e iniciativas nos segmentos eólico, solar e hidrelétrico que somaram US$ 668 milhões. Essa aceleração na infraestrutura elétrica brasileira está associada à chegada da estatal chinesa State Grid no Brasil. A companhia já atuou na construção do linhão de transmissão da usina de Belo Monte e arrematou o principal lote do leilão de linhas de transmissão realizado em dezembro.

Na sequência, aparece em destaque o setor de fabricação de automotores, que atraiu investimentos de US$ 568 milhões, 56% a mais do que em 2022. O setor contribuiu com uma participação de 33% e um ganho de 5 pontos percentuais em comparação com o ano anterior. Os pesquisadores apontam que o segmento foi impulsionado pela continuidade dos investimentos da GWM (Great Wall Motors) em sua fábrica em Iracemápolis, interior de São Paulo, e da BYD, que passou a ocupar o antigo complexo industrial da Ford em Camaçari, na Bahia, com objetivo de produzir veículos elétricos e híbridos e processar lítio e ferro fosfato.

Ainda que haja uma queda no montante de investimento chinês no País, o estudo destaca que o Brasil aparece entre as dez economias que mais receberam investimentos chineses em 2023, ficando em nono lugar, mesma posição do ano anterior, e à frente da Bolívia.

O estudo também destaca o aumento recente da participação de países em desenvolvimento entre os principais destinos de investimentos da China: 9 das 10 nações contempladas por investimentos chineses em 2023 estão em desenvolvimento. Entre 2018 e 2022, a presença desses países variou de 4 a 6 entre os 10 maiores destinos. Para os pesquisadores, há uma clara mudança em relação à histórica preferência do país asiático por nações desenvolvidas no aporte de capital produtivo.

“Esse cenário pode ser entendido como reflexo da “guerra comercial” entre Estados Unidos e China, que eclodiu em 2018 – segundo ano do governo do Presidente Donald Trump – e deflagrou uma série de tarifas comerciais entre os dois países e, posteriormente, evoluiu para a imposição de dificuldades ao ingresso de investimentos chineses em território americano”, aponta o texto.

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