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Casa Branca se retrata sobre apoio a nova eleição na Venezuela, sugerida por Lula e Petro
O presidente da Colômbia também defendeu o fim de todas as sanções contra Caracas e uma ‘anistia geral nacional e internacional’


A Casa Branca tentou explicar, nesta quinta-feira 15, uma declaração do presidente Joe Biden em apoio à proposta de Brasil e Colômbia para a realização de uma nova eleição na Venezuela.
Questionado por um repórter se endossa a sugestão de um novo pleito, o democrata havia respondido: “eu apoio”.
“O presidente se referia ao absurdo de que o presidente Nicolás Maduro e seus representantes não tenham sido honestos sobre as eleições de 28 de julho”, disse um porta-voz da Casa Branca. O Conselho de Segurança Nacional, por sua vez, indicou que Biden apenas havia proferido uma declaração geral sobre a posição dos Estados Unidos em relação à Venezuela.
Horas antes, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, propôs “novas eleições livres” na Venezuela, em meio à disputa entre Maduro e a oposição, liderada por María Corina Machado e Edmundo González Urrutia. O presidente Lula (PT) fez a mesma sugestão.
Em publicação nas redes sociais, Petro também sugeriu “levantamento de todas as sanções contra a Venezuela, anistia geral nacional e internacional, garantias totais à ação política e governo de coexistência transitório”.
“A experiência da Frente Nacional colombiana é uma experiência que, se usada temporariamente, pode ajudar a alcançar uma solução definitiva”, escreveu o líder colombiano. A Frente Nacional foi um acordo entre os partidos Liberal e Conservador na Colômbia entre 1958 e 1974. Naquele período, as forças políticas se alternaram no poder durante quatro anos.
Lula e Petro têm trabalhado em conjunto na tentativa de viabilizar uma solução para a crise na Venezuela – o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, se afastou de Brasil e Colômbia na articulação.
“Ele [Maduro] sabe que está devendo uma explicação para a sociedade, para o mundo”, disse o petista em entrevista à Rádio T, do Paraná. “Se ele tiver bom senso, poderia tentar fazer uma conclamação ao povo, quem sabe até convocar novas eleições, estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário de que participe todo mundo e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro.”
María Corina Machado reagiu rapidamente e repudiou a possibilidade de a Venezuela convocar uma nova votação. “Propor ignorar o que aconteceu em 28 de julho, para mim, é uma falta de respeito pelos venezuelanos que deram tudo”, disse em conferência virtual com jornalistas chilenos e argentinos. “A soberania popular deve ser respeitada. As eleições aconteceram e a sociedade venezuelana se manifestou em condições muito adversas.”
Pelas redes sociais, González Urrutia se manifestou indiretamente sobre o assunto. “As eleições presidenciais na Venezuela foram realizadas em 28 de julho e foram vencidas por esmagadora maioria por Edmundo González Urrutia”, publicou a conta oficial do candidato.
Em uma plataforma na internet, a oposição venezuelana sustenta que González teria vencido Maduro por 67% a 30%. Por outro lado, o Conselho Nacional Eleitoral ratificou a vitória do chavista por 51,9% a 43% dos votos.
A crise pós-eleitoral desencadeou protestos que deixaram 25 mortos e mais de 2.400 presos.
(Com informações da AFP)
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