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ONU, EUA e UE condenam ‘provocação inútil’ de ministro israelense na Esplanada das Mesquitas

Itamar Ben Gvir, da extrema-direita israelense, descumpriu, ao lado de mais de 2 mil judeus, a proibição de reza no local, determinada após a conquista de Jerusalém Oriental por Israel em 1967

ONU, EUA e UE condenam ‘provocação inútil’ de ministro israelense na Esplanada das Mesquitas
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O Ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir (2º dir.) cantando o slogan "Am Yisrael Chai" (o povo de Israel vive) durante uma visita com outras pessoas ao Complexo da mesquita Aqsa na Cidade Velha de Jerusalém. O ministro israelense de extrema-direita rezou na Esplanada das Mesquitas, desafiando a proibição da oração judaica no local do conflito e atraindo condenação global. Foto: UGC / AFP
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O ministro israelense da Segurança Nacional, o ultradireitista Itamar Ben Gvir, liderou uma oração nesta terça-feira (13) na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental, que contou com a presença de várias centenas de israelenses por ocasião de um feriado judaico, segundo as autoridades.

Localizada no setor da Cidade Santa ocupada e anexada por Israel, a Esplanada das Mesquitas, terceiro lugar mais sagrado do islã, foi construída sobre as ruínas do segundo templo judaico, destruído no ano 70 d.C. pelos romanos. Para os judeus, é o Monte do Templo, o local mais sagrado do judaísmo.

Ben Gvir foi filmado no local por ocasião do Ticha Beav, feriado judaico que marca a destruição dos dois templos, e pediu em particular a “derrota” do Hamas em vez de negociações com o movimento islamista palestino.

“Cerca de 2.250 judeus rezaram, dançaram e hastearam a bandeira israelense” na esplanada, disse à AFP um funcionário do Waqf, a administração jordaniana de propriedades religiosas muçulmanas em Jerusalém, sob condição de anonimato.

Segundo um status quo decretado após a conquista de Jerusalém Oriental por Israel em 1967, os não muçulmanos estão autorizados a visitar a Esplanada das Mesquitas, que abriga a Cúpula da Rocha e a mesquita de Al Aqsa, em horários específicos e sem rezar, uma regra cada vez menos seguida por alguns judeus nacionalistas.

O local é administrado pela Jordânia, mas o acesso é controlado pelas forças de segurança israelenses.

Repúdio internacional

O Ministério das Relações Exteriores palestino denunciou uma “escalada” e “provocações”, referindo-se a “incursões ilegais (…) em preparação para a imposição do controle total israelense e a judaização” do local “em violação do direito internacional”.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, também denunciou as “provocações” do ministro israelense de extrema-direita:

“A UE condena firmemente as provocações do ministro israelense Ben Gvir que, durante a sua visita aos Lugares Santos, defendeu a violação do status quo”, segundo o qual os não muçulmanos podem visitar a Esplanada mas não podem rezar nela, escreveu Josep Borrell na rede X.

Os Estados Unidos criticaram o ministro de Israel e disseram que a ação prejudica os esforços para manter as negociações para um cessar-fogo no território palestino de Gaza.

“Não só é inaceitável, mas prejudica o que consideramos um momento vital, já que estamos trabalhando para que este acordo de cessar-fogo possa finalmente ser concretizado”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, à imprensa.

“Os Estados Unidos defendem fortemente a preservação do status quo histórico no que diz respeito aos locais sagrados de Jerusalém e qualquer ação unilateral, como esta (…), que coloque em risco esse status quo, é inaceitável”, declarou Patel.

A ONU, por sua vez, classificou a oração de Gvir no local como uma ‘provocação inútil’.

“Somos contra qualquer esforço para mudar o status quo em locais sagrados (…). Este tipo de comportamento não ajuda e é uma provocação inútil”, disse o porta-voz da ONU, Farhan Haqel, à imprensa.

(Com informações de AFP)

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