Economia
Número 2 da Fazenda defende transição sem ‘arroubo político’ no Banco Central
Dario Durigan também elogiou a autonomia do BC e afirmou que o governo manterá o arcabouço ‘custe o que custar’


O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, defendeu uma transição de comando no Banco Central “sem arroubo político”. O mandato do presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, termina em dezembro deste ano.
No seminário “Políticas Industriais no Brasil e no Mundo”, realizado nesta terça-feira 6 na Confederação Nacional da Indústria, em Brasília, o número 2 da Fazenda também defendeu a autonomia do BC, capaz de evitar “oposição política” e viabilizar um “diálogo técnico”.
Durigan mencionou um cenário externo “de muita volatilidade e incerteza”, expresso pelas dúvidas sobre o comportamento dos juros nos Estados Unidos.
Ministro da Fazenda em exercício durante as férias de Fernando Haddad, Dario Durigan também afirmou que o governo Lula (PT) não abre mão do arcabouço fiscal, formulado para substituir o teto de gastos de Michel Temer.
“Recentemente a gente teve algumas reuniões com o presidente que a gente retirou cinco encaminhamentos importantes. O primeiro foi ter o arcabouço fiscal até 2026, custe o que custar, como o ministro Haddad disse à imprensa na sequência da reunião a pedido do presidente Lula.”
Como parte de seu esforço para seguir a regra fiscal, o governo anunciou em julho um congelamento de 15 bilhões de reais no Orçamento de 2024. A contenção de despesas se divide entre um bloqueio de 11,2 bilhões e um contingenciamento de 3,8 bilhões de reais.
O bloqueio é uma medida para se adaptar às regras do arcabouço, a determinar que os gastos não obrigatórios só podem crescer até 2,5% ao ano, já descontada a inflação.
Já o contingenciamento ocorre para cumprir a meta anual de resultado primário. Para 2024 e 2025, o objetivo é zerar o déficit fiscal – ou seja, atingir um resultado neutro nas contas do governo, sem considerar os juros da dívida pública.
Apesar do objetivo de zerar o déficit, porém, há uma espécie de margem de tolerância: a meta será considerada atingida se houver um déficit de 0,25% do Produto Interno Bruto ou um superávit de 0,25%.
Na prática, o bloqueio busca cumprir o limite de 2,1 trilhões de reais fixado para a despesa primária neste ano, enquanto o contingenciamento visa a garantir que o déficit primário não passe de 28,8 bilhões de reais.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Gleisi volta a criticar Banco Central após ata do Copom indicar possível aumento da taxa de juros
Por CartaCapital
Banco Central manteve ‘muleta’ para justificar sua posição conservadora, diz economista
Por Leonardo Miazzo
Banco central dos EUA mantém taxa de juros entre 5,25% e 5,5%
Por AFP