Mundo

Militares tomam o poder em Bangladesh e se reúnem com líderes estudantis

Estudantes lideraram os protestos que culminaram na queda da primeira-ministra Sheikh Hasina; comandante do Exército prometeu formar um governo transitório

Militares tomam o poder em Bangladesh e se reúnem com líderes estudantis
Militares tomam o poder em Bangladesh e se reúnem com líderes estudantis
Foto: Munir UZ ZAMAN / AFP
Apoie Siga-nos no

O comandante do Exército de Bangladesh se reunirá nesta terça-feira (6) com os líderes estudantis das manifestações, um dia após os militares assumirem o controle do país depois dos protestos que forçaram a renúncia da primeira-ministra Sheikh Hasina.

Centenas de pessoas morreram quando as forças de segurança conter as manifestações das últimas semanas, que cresceram a tal ponto que Hasina, 76 anos, fugiu de Bangladesh na segunda-feira, depois de passar 15 anos no poder.

O comandante do Exército, general Waker-Uz-Zaman, anunciou a formação em breve de um governo provisório, prometendo reparar “todas as injustiças” e suspender o toque de recolher no país.

O líder do movimento estudantil que iniciou os protestos, Nahid Islam, afirmou que o governo interino deve ser liderado por Mohammad Yunus, economista e empreendedor social que venceu o Nobel da Paz em 2006, “que é amplamente aceito”.

Yunus, de 84 anos, não comentou o pedido, mas declarou, em uma entrevista ao jornal indiano The Print que, com Hasina, “Bangladesh era um país ocupado”.

“Hoje, toda a população de Bangladesh se sente libertada”, acrescentou na entrevista.

Milhões de bengaleses lotaram as ruas de Daca após o anúncio da fuga da primeira-ministra.

“O país sofreu muito, a economia foi afetada, muitas pessoas morreram – é hora de parar a violência”, afirmou o general Waker na segunda-feira, pouco depois de uma multidão invadir a residência oficial de Hasina e saquear o local.

“Estou muito feliz que o nosso país tenha sido libertado”, declarou Sazid Ahnaf, 21 anos, que comparou o que aconteceu com a guerra de independência de 1971. “Nos livramos de uma ditadura”.

Mas também foram registradas cenas de caos e fúria. A polícia anunciou que pelo menos 109 pessoas morreram na segunda-feira, quando a multidão atacou aliados de Hasina.

Ao menos 409 pessoas morreram desde o início dos protestos em 1º de julho, segundo um balanço da AFP baseado em informações divulgadas pela polícia, autoridades e fontes médicas.

As manifestações começaram após a reintrodução de um sistema de cotas que reservava mais da metade dos empregos públicos para determinados grupos.

A iniciativa motivou pedidos de renúncia de Hasina, acusada de usar o aparato estatal para permanecer no poder, inclusive com o assassinato de seus opositores.

O paradeiro de Hasina não foi confirmado. A imprensa indiana informou que seu helicóptero pousou em uma base militar perto de Nova Délhi.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo