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Edmundo González se autoproclama presidente da Venezuela e pede a ajuda de militares

O presidente Nicolás Maduro, que recebeu há poucos dias uma declaração de ‘lealdade absoluta’ do alto comando militar, também fez menção ao tema

Edmundo González se autoproclama presidente da Venezuela e pede a ajuda de militares
Edmundo González se autoproclama presidente da Venezuela e pede a ajuda de militares
Edmundo González e María Corina Machado, após o CNE anunciar a vitória de Nicolás Maduro. Foto: Federico Parra/AFP
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Em meio à contenda envolvendo o resultado das eleições na Venezuela, o candidato Edmundo González, rival de Nicolás Maduro, se autoproclamou o presidente eleito do país. Em um comunicado divulgado nesta segunda-feira 5, González afirmou que a oposição venceu as eleições de 28 de julho ‘sem qualquer discussão’, e fez um apelo às forças armadas e policiais do país por apoio.

“Fazemos um apelo à consciência dos militares e policiais para que se coloquem ao lado do povo e de suas próprias famílias”, diz a carta, também assinada por María Corina Machado, principal liderança da oposição. Os dois também pedem o fim da “repressão” aos protestos e oferecem “garantias aos que cumprirem com seu dever constitucional” em um eventual “novo governo”.

O presidente Nicolás Maduro, que recebeu uma declaração de ‘lealdade absoluta’ do alto comando militar na semana passada, também fez menção à atuação dos militares na crise que o país enfrenta. “Quero parabenizar esta profissional, humana e poderosa Guarda Nacional (…), porque vocês têm sido e são a coluna vertebral da paz, da proteção do povo, da tranquilidade, da segurança”, disse, no último domingo 4.

Na semana passada, horas após a eleições, Maduro foi confirmado pelo Conselho Nacional Eleitoral venezuelano como presidente reeleito, com 52% dos votos, contra 43% para Edmundo González. Não foram ainda divulgados, contudo, os resultados detalhados, sob o argumento de que o sistema do CNE teria sido alvo de “um ataque hacker em massa”.

A oposição venezuelana contesta os resultados oficiais, alegando fraude eleitoral, e tornou públicos documentos que, segundo eles, provam que González teria obtido 67% dos votos. No entanto, Maduro e outros altos funcionários questionam a autenticidade destas atas e acusam a oposição de manipulação.

Estados Unidos, União Europeia e vários países da América Latina ainda não reconheceram a reeleição de Maduro e exigem a divulgação das atas de votação. O Brasil, em tom mais brando, tem também advogado pela transparência do processo.

Dèja vu a la Guaidó

Não é a primeira vez que um oposicionista busca a proclamação independente à presidência venezuelana. Em janeiro de 2019, Juan Guaidó, então presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, se autoproclamou presidente interino do país, desafiando Maduro após a controvérsia em torno das eleições de 2018, que muitos países consideraram fraudulentas. Guaidó foi reconhecido como líder legítimo pela Assembleia Nacional, pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por vários países da América Latina. No entanto, apesar do apoio e das tentativas de mobilização interna, não conseguiu efetivar sua liderança, justamente devido à lealdade das forças armadas a Maduro e à influência do chavismo sobre as instituições.

Nos anos seguintes, Guaidó viu sua intentona minguar, com o governo de Maduro consolidando o poder, e em janeiro de 2023, a oposição venezuelana votou para desmantelar o governo interino de Guaidó, efetivamente encerrando sua reivindicação à presidência.

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