Diversidade

Para AGU, travestis devem cumprir pena em presídios masculinos

ABGLT protocolou, em junho, pedido para que mulheres transexuais e travestis detentas fiquem em presídios compatíveis com sua identidade de gênero

Para AGU, travestis devem cumprir pena em presídios masculinos
Para AGU, travestis devem cumprir pena em presídios masculinos
Travestis relatam sofrer "influência psicológicas e corporais de todo o tipo" em penitenciárias masculinas
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A Advocacia Geral da União (AGU) enviou nesta quinta-feira 23 seu posicionamento ao Supremo Tribunal Federal sobre o local de cumprimento de pena de mulheres transexuais e travestis. Segundo a AGU, não há necessidade de alocá-las em penitenciárias e femininas.

A manifestação se sustenta em dois argumentos. O primeiro é que a mudança de local seria uma afronta às leis vigentes, que preveem que presos sejam alocados de acordo com delito, idade e sexo, e que “assegurou às mulheres cumprimento das pensa em estabelecimentos próprios”. O outro ponto é em relação à segurança – para a AGU, Conselhos vinculados ao Ministério da Justiça “já estabelecem um conjunto de proteções para que os travestis possam cumprir pena em segurança e tenham a identidade sexual respeitada”.

A resposta vem depois de a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais ter protocolado, em junho, petição para que travestis e transexuais cumpram pena em penitenciárias compatíveis com suas identidades de gênero. Por uma questão simples: dignidade humana. “É importante esclarecer que é temerária a manutenção das travestis e das transexuais em estabelecimentos prisionais masculinos”, diz o documento da entidade.

Em um dos exemplos, a ABLGT relembra o caso de uma travesti presa em uma cela superlotada, dividida com 31 homens. Segundo depoimentos, ela sofria “todo o tipo de influências psicológicas e corporais”.

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Esse rito de pedir um parecer da AGU faz parte do procedimento normal do STF, quando alguma entidade questiona e pede alterações em normas vigentes. “Na prática, o dispositivo confere ao ocupante do cargo de chefe da AGU o dever de defender a norma que está sendo questionada”, explica, em nota, o órgão.

O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, é o relator da ação. E, em fevereiro, Barroso determinou que duas detentas travestis fossem transferidas de um presídio masculino em Presidente Prudente, no interior de São Paulo. A conclusão foi de que deveria ser alocadas em penitenciárias compatíveis com suas identidades de gênero.

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