Mundo
Observador internacional, Centro Carter diz que eleição da Venezuela ‘não pode ser considerada democrática’
Organização dos Estados Unidos foi convidada pelo Conselho Eleitoral da Venezuela a acompanhar o processo de perto


Um dos principais observadores internacionais do processo eleitoral da Venezuela, o Centro Carter, dos Estados Unidos, afirmou que não pode “verificar ou corroborar” os resultados declarados pelo Conselho Nacional Eleitoral do país (CNE), que proclamou a vitória do atual ocupante do cargo, Nicolás Maduro.
Segundo o Centro Carter, em comunicado divulgado na noite desta terça-feira 30, a eleição venezuelana “não atingiu os padrões internacionais de integridade eleitoral e não pode ser considerada democrática”.
A organização, assim, sobe o tom em relação ao processo. Na segunda-feira, um dia após os venezuelanos irem às ruas, a primeira manifestação da entidade foi um pedido para divulgação das atas de votação, sem se manifestar formalmente sobre a lisura da eleição.
“A eleição aconteceu em um ambiente de restrição de liberdade para atores políticos, ações da sociedade civil e imprensa. Durante todo o processo eleitoral, o CNE demonstrou um claro favorecimento ao titular do cargo”, destacou o Centro Carter, sem citar o nome de Maduro.
A organização dos EUA, que enviou uma missão técnica à Venezuela, disse ainda ter identificado prazos curtos e baixo número de locais para registro de eleitores, excesso de burocracia para votos de cidadãos no exterior e falta de critério para registro de partidos e candidatos de oposição.
O Centro Carter foi convidado pelo próprio CNE a acompanhar a eleição. Antes do pleito, a entidade esclareceu que não teria condições de fazer “uma avaliação abrangente dos processos de votação, contagem e tabulação”, e se dedicaria a acompanhar o funcionamento “da estrutura legal nacional, bem como nas obrigações e padrões regionais e internacionais de direitos humanos”.
Criado pelo ex-presidente americano Jimmy Carter, a entidade acompanha e media processos eleitorais ao redor do mundo.
O site oficial do CNE está fora do ar – ao menos para acessos do exterior – desde a segunda-feira 29. O órgão alega ter sido vítima de um ataque hacker vindo do exterior. O caso é investigado pelas autoridades, que chegaram a mencionar o nome de Maria Corina Machado, principal líder da oposição, como uma das suspeitas do atentado cibernético. A acusação veio de Tarek William Saab, procurador-geral do país, um aliado de Maduro.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Forças Armadas da Venezuela reafirmam lealdade a Maduro
Por Agência Brasil
Lula e Biden defendem divulgação de atas eleitorais da Venezuela
Por CartaCapital
Presidente do México recomenda que ‘não metam o nariz’ na Venezuela
Por AFP
Afastado de Maduro, Partido Comunista da Venezuela não reconhece o resultado da eleição
Por CartaCapital
Protestos e comunidade internacional podem levar Maduro a negociar, diz professor da USP
Por Leonardo Miazzo