

Opinião
A França, berço da democracia, disse não à extrema-direita
Os franceses reviraram o fundo da história, resgataram os valores sublimes da democracia, conquistados na Revolução Francesa, e reapresentaram ao mundo: ‘liberdade, igualdade e fraternidade’


O significado da vitória da Nova Frente Popular, nas eleições da França, vai além da objetividade do resultado numérico dos votos e das cadeiras conquistadas na Assembleia Nacional Francesa.
Os franceses reviraram o fundo da história, resgataram os valores sublimes da democracia, conquistados na Revolução Francesa, e reapresentaram ao mundo: “liberdade, igualdade e fraternidade”.
As imagens da eufórica comemoração na Praça da República, de jovens escalando o monumento à República, nos remete à tela do memorável pintor francês, Eugène Delacroix: “A liberdade conduzindo o povo”.
Na tela, Marie Dechamps, uma mulher do povo, que inspirou Delacroix, avança de seios nus, destemida, emancipada, autônoma, empunhando a bandeira da França nas barricadas em Paris, liderando o levante popular contra os opressores, na Revolução de Julho de 1830. O gorro vermelho, que cobre seus cabelos, representa os valores democráticos, a revolta popular contra a opressão, o obscurantismo e a abolição dos direitos dos cidadãos franceses, pelos absolutistas.
Desde os primeiros levantes, a luta contra a opressão, pelos direitos humanos, serpenteia a história da humanidade na construção da democracia plena, erguida sobre os valores da liberdade e da justiça: direito à igualdade política e social; direito à educação formal e à saúde; direito ao voto e à elegibilidade; direito às liberdades civis e autonomia; direitos trabalhistas; direito à segurança alimentar e à habitação, entre outros.
Recentemente, o autoritarismo ressurgiu de dedo em riste e ameaça à democracia. As forças democráticas que se uniram para derrotar a extrema-direita na França, assim como na Inglaterra, na Espanha e no Brasil, despertaram o mundo para uma grande mobilização dos trabalhadores, dos movimentos sociais e de ambientalistas, contra o recrudescimento do nazi-fascismo aliado ao neoliberalismo.
As eleições na França soam como um chamado para a união e o enfrentamento da escalada da extrema-direita, derrota-la, e progredir na consolidação da democracia, na afirmação dos valores libertários, avançar na pauta das conquistas dos direitos humanos, da solidariedade internacional, da autodeterminação dos povos, do desenvolvimento sustentável com justiça social e ambiental.
Acolher os movimentos sociais com políticas públicas capazes de dar sustentação à luta pela superação da desigualdade, com acesso ao trabalho digno à moradia, às sagradas refeições diárias, à educação de qualidade, à saúde, à cultura, a todos os serviços e bens públicos. Esse é o caminho.
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Partido Republicano confirma Trump como candidato à Presidência dos EUA
Por CartaCapital
Trump anuncia o senador J.D. Vance como candidato a vice-presidente
Por CartaCapital
Serviço Secreto dos EUA concorda com revisão após tentativa de assassinato de Trump
Por AFP