Economia
Petrobras quer investir na Bolívia e ampliar a produção de gás natural
Insumo terá papel fundamental na estratégia da companhia voltada ao setor de fertilizantes


A presidente da Petrobras, Magda Chambiard, projeta investir cerca de 40 milhões de dólares para perfuração de um poço para investigar o potencial das reservas de gás natural na Bolívia. O aporte financeiro se dará por meio da subsidiária da estatal brasileira no país andino.
Esse empreendimento, que ainda precisa obter o aval dos órgãos ambientais, será construído na área denominada San Telmo Norte, no estado de Tarija, e terá capacidade de recuperar em pelo menos 76 bilhões de metros cúbicos a produção de gás natural no país.
O investimento foi anunciado por Chambriard durante participação no Fórum Empresarial Bolívia-Brasil nesta terça-feira, que contou com a participação dos presidentes brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e boliviano, Luis Arce.
Segundo a executiva, a Petrobras tem interesse em aumentar a produção de gás natural porque o insumo terá papel fundamental na estratégia da companhia voltada ao setor de fertilizantes. Ela estimou que a demanda da indústria brasileira pelo material deve dobrar até 2028.
Por isso, a companhia vê as reservas bolivianas como uma das opções acessíveis para ampliar esse mercado.
“Nós produzimos 9 milhões (metros cúbicos), queremos voltar a produzir 30 milhões na Bolívia, mas para isso esse gás e esse investimento tem que ser capaz de entregar gás para fertilizantes e para a petroquímica brasileira a preços acessíveis”, disse Chambriard. “Essa é uma questão fundamental para nós, para viabilizar esses investimentos em que a gente acredita e que são essenciais para a parceria Brasil-Bolívia”.
Hoje, a Petrobras tem sete áreas na Bolívia, sendo quatro delas como operadora, incluindo uma que está em processo de devolução. As áreas são operadas por meio de contratos de serviço com a estatal boliviana YPFB.
O país andino diminuiu a venda de gás natural ao Brasil nos últimos 2 anos em cerca de 30%. O motivo foi a necessidade do país em ajustar sua produção de gás natural, que se encontra em declínio.
No ano passado, um relatório da consultoria de energia inglesa Wood Mackenzie indicou que a Bolívia pode deixar de ser uma exportadora de gás natural para o Brasil e a Argentina para ser uma importadora até 2030.
Também nesta terça-feira, a Fluxus, subsidiária de óleo e gás do grupo J&F, anunciou que investirá 100 milhões de dólares na Bolívia até 2028. O valor será aplicado na ampliação da produção em três campos recém-adquiridos pela empresa brasileira.
Com isso, estima-se que a produção diária do insumo subirá de 100 mil metros cúbicos para 1,1 milhão de metros cúbicos.
A Fluxus foi comprada pelos irmãos Wesley e Joesley Batista no final de 2023. No mês passado, a empresa anunciou a compra do braço boliviano da Pluspetrol, petroleira independente privada que opera 412 mil barris de óleo equivalente por dia e possui três campos na bacia Tarija-Chaco.
As operações que receberão os novos investimentos do grupo J&F abrangem três campos na bacia Tarija-Chaco: Tacobo, Tajibo e Yacuiba.
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