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Extrema-direita vence 1º turno das eleições legislativas na França

Aliança liderada por Macron ficou em 3º lugar

Extrema-direita vence 1º turno das eleições legislativas na França
Extrema-direita vence 1º turno das eleições legislativas na França
Marine Le Pen Foto: FRANCOIS LO PRESTI / AFP
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A extrema-direita venceu neste domingo (30) o primeiro turno de eleições legislativas cruciais na França, onde as forças de centro-direita do presidente Emmanuel Macron ficaram em terceiro lugar, atrás da esquerda, de acordo com as primeiras estimativas.

O partido de extrema-direita Reagrupamento Nacional (RN) de Marine Le Pen e seus aliados conquistaram 33% dos votos, mas terão que aguardar o segundo turno em 7 de julho para saber se alcançam a maioria absoluta na Assembleia Nacional (Câmara baixa).

“Nós precisamos de uma maioria absoluta”, disse Le Pen aos apoiadores em Hénin-Beaumont, no norte da França. Os franceses “emitiram um veredicto inquestionável”, afirmou seu candidato a primeiro-ministro, Jordan Bardella, de Paris.

A aliança de Macron obteria cerca de 22% dos votos, ficando atrás da coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP), que teria cerca de 28%, segundo as estimativas dos institutos de pesquisa Ifop e Ipsos.

A ascensão da extrema-direita ao poder, pela primeira vez desde a libertação da ocupação nazista em 1945, poderia adicionar mais um país na União Europeia governado por essa tendência, como aconteceu na Itália.

Isso poderia enfraquecer a política de apoio à Ucrânia de Macron. Embora o partido de Le Pen seja visto por críticos como próximo da Rússia de Vladimir Putin, ele afirma apoiar Kiev enquanto busca evitar uma escalada com Moscou.

Com uma participação histórica, às 17h00 do horário local, três horas antes do fechamento das urnas, a taxa de votação atingiu 59,39%, 20 pontos a mais do que no mesmo horário em 2022, segundo o Ministério do Interior.

O próprio sistema eleitoral torna incerto o resultado final da Assembleia Nacional, onde os três blocos formados nas eleições de 2022 continuarão, mas com uma nova dinâmica de forças.

Seus 577 deputados são eleitos em círculos uninominais com um sistema majoritário de dois turnos. Dependendo dos resultados de cada circunscrição, dois, três ou mais candidatos podem ir para o segundo turno.

Retirar-se ou continuar?

A pressão sobre os rivais do RN se intensificou para evitar sua chegada ao poder, especialmente quando as primeiras projeções deste domingo variam entre uma maioria simples ou absoluta para a extrema-direita e seus aliados na Câmara baixa, ou seja, entre 240 e 310 deputados.

“Esta noite, nossa democracia e nossos valores republicanos estão em jogo (…) É imperativo bloquear a extrema-direita”, disse o ex-líder sindical Laurent Berger, pedindo aos partidos que se retirem das disputas com três candidatos para aumentar as chances do melhor posicionado contra um ultradireitista.

Socialistas, ecologistas e comunistas, aliados do A França Insubmissa (LFI, esquerda radical) na NFP, já anunciaram durante a campanha que se retirariam se seus candidatos avançassem ao segundo turno em terceiro lugar, atrás de um candidato oficialista.

O líder da LFI, Jean-Luc Mélenchon, afirmou que seus candidatos também o fariam nas circunscrições onde o RN ficou em primeiro lugar.

No entanto, o oficialismo mostra relutância em se retirar para favorecer a LFI, partido que considera “antissemita”, contra a extrema-direita.

O presidente francês, cuja popularidade caiu com a antecipação das eleições, convocou uma aliança “ampla” contra a extrema-direita, “claramente democrática e republicana”, para o segundo turno, priorizando uma abordagem caso a caso.

“A extrema-direita está às portas do poder”, “nenhum voto deve ir para o RN”, disse o primeiro-ministro Gabriel Attal, sem esclarecer uma posição em relação à LFI.

O tradicional partido de direita Os Republicanos (LR), dividido desde que seu presidente Éric Ciotti decidiu se aliar à formação de Le Pen, rejeitou convocar um isolamento da extrema-direita.

“Não daremos instruções de voto”, disse a liderança do partido contrária a Ciotti. As estimativas lhe deram 10% dos votos no primeiro turno.

Macron, cujo mandato termina em 2027, provocou a antecipação das eleições em 9 de junho após a contundente vitória do RN nas eleições europeias na França, e agora corre o risco de compartilhar o poder com um governo de outra cor política, a menos de um mês dos Jogos Olímpicos de Paris.

O RN já anunciou que, se conseguir a maioria absoluta, irá propor Jordan Bardella como primeiro-ministro, que promete ser o líder de “todos os franceses”, mas “intransigente na política” que implementará.

Os rivais do RN alertam para o risco de chegada ao poder da extrema-direita, que tem se esforçado na última década para moderar a imagem herdada de seu fundador, Jean-Marie Le Pen, conhecido por seus comentários racistas e antissemitas.

Marine Le Pen garantiu que “dezenas” de seus deputados” já conquistaram seus assentos no primeiro turno.

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