Política
Bolsonaro e Haddad são os principais alvos no debate da Record
Líderes nas pesquisas, os candidatos do PSL e do PT não escapam dos ataques dos adversários


Acabou a trégua dos demais candidatos com Jair Bolsonaro. Após receber alta do Hospital Albert Einstein no sábado 29, o presidenciável do PSL, líder das pesquisas, foi o principal alvo do debate promovido pela TV Record na noite do domingo 30.
De Henrique Meirelles a Guilherme Boulos, os concorrentes ressaltaram o perigo autoritário representado pelo candidato, enalteceram os protestos do #EleNão que haviam tomado o País no dia seguinte e lembraram as propostas bolsonaristas que atingem o bolso dos mais pobres, entre elas a recriação da CPMF e as críticas do general Hamilton Mourão, vice na chapa do deputado, ao 13 salário e ao adicional de férias.
O petista Fernando Haddad foi igualmente atacado. O tucano Geraldo Alckmin, o pedetista Ciro Gomes e Marina Silva, da Rede, recorreram, de formas distintas, ao argumento de que o PT e Bolsonaro são faces da mesma moeda: do radicalismo que afunda o Brasil na crise econômica, política e social.
Natural. A uma semana das eleições, os presidenciáveis que aparecem atrás nas pesquisas jogam todas as fichas contra a polarização que, em certa medida, antecipou o embate desenhado até o momento para o segundo turno. Em pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes divulgada no sábado 30, de autoria do instituto MDA, Bolsonaro e Haddad aparecem tecnicamente empatados: 28% a 25%.
Quem inaugurou a rodada de críticas a Bolsonaro, que se estenderia até as considerações finais, foi o candidato Henrique Meirelles, do MDB. O ex-ministro da Fazenda de Michel Temer afirmou que nenhum país democrático tem um político como Bolsonaro na presidência da República.
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Segundo Ciro, o radicalismo impede o Brasil de discutir os reais problemas. Por extensão, o pedetista criticou Haddad e o PSDB: “O outro lado também não reconheceu a derrota nas urnas e há quatro anos o Brasil não para para discutir a massa de desempregados, de pessoas na informalidade, com nomes inclusos no serviço de proteção ao crédito e a violência que se desdobra disso. Precisamos unir o Brasil, para dialogar com o diferente e superar as diferenças”, declarou.
Marina chamou de autoritária e antidemocrática a afirmação do candidato do PSL de que haverá fraude se ele não vencer as eleições. A presidenciável da Rede acrescentou que a declaração reflete ainda o medo do deputado diante da “iminente” derrota. Como os demais, Marina não poupou Haddad e o PT e valeu-se da mesma tática de compará-los ao ex-capitão. “O Brasil não precisa ficar entre a espada da corrupção e o autoritarismo. Bolsonaro é o maior cabo eleitoral do PT”.
Haddad ignorou a maior parte das críticas dos oponentes e se concentrou em apresentar propostas e, tangencialmente, a reforçar as críticas a Bolsonaro. Em um único momento, o petista pediu um direito de resposta à organização dos debates por se sentir ofendido por Álvaro Dias, do Podemos. Dias fez referência a uma reportagem da revista IstoÉ segundo a qual a campanha do PT teria repassado 6 milhões de reais a um político do Maranhão para que ele abandonasse Ciro Gomes e apoiasse Haddad. O ex-senador não citou o nome do político. Os organizadores do debate rejeitaram o pedido de direito de resposta.
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