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A Inteligência Artificial impulsiona as empresas de todos os tamanhos

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Imagem: iStockphoto
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O cenário dos pequenos negócios no Brasil tem observado transformações rápidas e significativas com a ascensão da Inteligência Artificial. A tecnologia, até recentemente restrita às grandes corporações, hoje está ao alcance dos microempreendedores, oferecendo uma série de ferramentas capazes de revolucionar a maneira como as empresas de pequeno porte operam, competem e crescem.

Logo pela manhã, antes mesmo de abrir as portas, um pequeno comerciante pode contar com a IA para gerenciar seus estoques, prever demandas e até mesmo interagir com clientes nas redes sociais. Assistentes virtuais, chatbots, robôs que usam Inteligência Artificial para se comunicar por texto, e soluções automatizadas tornaram-se indispensáveis para otimizar as operações e proporcionar um atendimento rápido e personalizado. No centro dessa revolução está a capacidade da IA de executar tarefas repetitivas e, assim, liberar tempo para os empreendedores focarem no que realmente importa: inovação, produtos e expansão.

De acordo com Alexandre Rodrigues, especialista em neurociências aplicadas a negócios, a eficiência é uma das principais vantagens do uso da Inteligência Artificial por pequenas empresas. Em seu livro Domine Seu Negócio com IA, Rodrigues destaca que a automação de tarefas rotineiras pode economizar um tempo precioso, permitindo aos empresários se concentrar nas decisões estratégicas. Além disso, a personalização do atendimento ao cliente, com respostas rápidas e precisas, estimula a fidelização.

Ao se livrar de tarefas repetitivas, o empreendedor pode concentrar-se nas decisões estratégicas

Além de melhorar a comunicação e economizar tempo, no marketing a personalização de campanhas é aprimorada, ajustando as mensagens e ofertas de acordo com os interesses específicos de cada cliente. Mais: a redução de custos operacionais é alcançada por meio das soluções automatizadas, o que torna os negócios mais ágeis e competitivos.

A Fintalk, startup brasileira que utiliza IA para otimizar canais de atendimento, é um exemplo de como a tecnologia pode ser um divisor de águas. Segundo Luiz Lobo, cofundador, o uso dos recursos tem proporcionado uma redução de 40% nos custos de atendimento ao cliente e um aumento de 30% nas vendas. A capacidade da IA de entender o português coloquial, com suas gírias e regionalismos, torna a interação mais natural e eficiente, humanizando o atendimento e aumentando a satisfação do cliente.

Implementar uma estratégia de IA requer, no entanto, planejamento e conhecimento. A Microsoft sugere cinco pontos-chave para a adoção eficaz da tecnologia: identificar lacunas de dados, personalizar a aplicação de acordo com cada função na empresa, investir na formação dos funcionários, construir confiança nas tecnologias utilizadas e identificar novos hábitos e áreas de oportunidade. Cada um desses passos é decisivo para garantir uma transição suave e produtiva para um ambiente de trabalho mais automatizado.

Laurent Delache, presidente da Foundever, acredita que a IA dá suporte às pequenas empresas em diversas frentes, da segmentação de público para campanhas de marketing à otimização de processos internos, como o gerenciamento de inventário e a previsão de demanda. A combinação de IA e análise de dados tende a transformar as decisões operacionais, permitindo que pequenas empresas sejam mais ágeis e competitivas. Além disso, companhias que utilizam Inteligência Artificial em suas operações diárias relatam um aumento na eficiência e produtividade, destacando a tecnologia como um investimento valioso.

Os benefícios não param por aí. A Dialog, startup que lidera o setor de comunicação interna no Brasil, utiliza IA para otimizar a produção de conteúdo e analisar o sentimento dos funcionários em tempo real. Seu presidente, Hugo Godinho, explica que a tecnologia agiliza os processos de comunicação interna e também proporciona insights valiosos que podem ser usados para melhorar o clima organizacional e a satisfação dos colaboradores.

Rubens Daniel, diretor de inovação do Getronics Group para a América Latina, reforça a importância de implementar a Inteligência Artificial com o suporte de parceiros experientes. Ele alerta que, apesar do potencial transformador, muitas empresas ainda não estão preparadas para adotar a tecnologia de forma eficaz. A parceria com especialistas pode ser decisiva para aproveitar ao máximo os benefícios da ferramenta, evitando erros comuns e otimizando os resultados. •


VIGILANTE DO PESO

A IA no controle do consumo de calorias

Controle. Cabral e Lima, criadores do Snack Track – Imagem: Snack Track

Com 30 quilos a mais ganhos durante a pandemia, aos 19 anos Rafael Cabral decidiu que precisava perder peso. Procurou uma nutricionista e começou a se exercitar. Apesar dos esforços, o resultado não apareceu na balança. Ele precisava de ajuda para calcular as calorias ingeridas ao longo do dia. O nativo digital nem cogitou anotar em um caderno tudo o que comia, na ­internet também não encontrou aplicativos intuitivos e de fácil utilização.

A dificuldade levou Cabral, em parceria com o amigo Gabrio Lima, um ano mais novo, hoje ambos com 22 e 21 anos, respectivamente, a desenvolver a ideia de associar a IA a um aplicativo de uso global (WhatsApp) para contar calorias. Estudantes de ­Ciência da Computação no Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli), faculdade sem fins lucrativos, os parceiros criaram um sistema que reconhece fotos de alimentos enviadas pelos assinantes do serviço via conversa de ­WhatsApp. A IA identifica cada item separadamente, mede as proporções, consulta uma tabela nutricional elaborada pela Faculdade de Nutrição da USP e retorna ao usuário com as respostas completas de quantos carboidratos, calorias, proteínas e gorduras foram consumidos naquela refeição. O programa, batizado de Snack Track, está em fase beta para interligar nutricionistas e pacientes, relatando as refeições e hábitos alimentares durante um período, para que a avaliação seja mais rápida e completa. “É a hiperpersonalização do serviço”, afirma Cabral, apontando que a compilação dos dados economiza um tempo precioso da nutricionista e possibilita maior atenção aos pacientes.

Publicado na edição n° 1316 de CartaCapital, em 26 de junho de 2024.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘IAliada’

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