Educação
Comissão de Educação aprova texto do Novo Ensino Médio, que vai a plenário
Após acordo com o MEC, o texto manteve a carga horária de 2.400 horas para a formação geral básica dos estudantes
A Comissão de Educação do Senado aprovou, nesta quarta-feira 19, o projeto de lei que institui mudanças no Novo Ensino Médio. Agora, o projeto segue para análise do plenário do Senado.
O colegiado aprovou, em votação simbólica, o texto apresentado pela relatora, a senadora professora Dorinha Seabra (União-TO) que, após acordo com o Ministério da Educação, manteve a carga horária de 2.400 horas para a formação geral básica dos estudantes.
A proposta prevê uma modulação temporal para que as redes de ensino se adaptem às mudanças e aponta que as 2.400 horas da formação geral básica sejam alcançadas a partir de 2029.
A ideia é que, entre 2025 e 2028, a carga horária para a formação geral básica atinja o piso de 2.200 horas, com possibilidade de aproveitamento integrado de 200 e 400 horas da FGB, conforme a carga horária do curso técnico.
Se o curso for de 800 horas, o mínimo estabelecido pelo Catálogo Nacional de Cursos, não haverá mudanças. Se for de 1.000 horas, o aproveitamento poderá ser de até 200 horas. Se for de 1.200, até 400 horas da FGB poderão ser destinadas para trabalhar.
O novo relatório também prevê a expansão da carga horária total dos cursos de Ensino Médio com ênfase em formação técnica e profissional, a partir de 2029: para 3.200, 3.400 e 3.600 horas, quando se ofertarem, respectivamente, cursos técnicos de 800, 1.000 e 1.200 horas. Atualmente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabelece 3 mil horas para a modalidade.
Para o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, Fernando Cassio, a retomada das horas para a formação geral básica dos estudantes é um mérito do relatório.
“Acho que a proposta da relatora se mostra sensível a uma questão central, que pra gente ter um Ensino Médio universal, dentro daquilo que é o próprio desenho da política educacional no Brasil, a gente precisa ter uma formação geral básica igual para todo mundo”, avalia.
O pesquisador ainda entende que ao prever a ampliação da carga horária total do Ensino Médio, prevendo a oferta da educação técnica, o texto também sinaliza para a necessidade de se qualificar essa oferta.
“Veja, estamos falando de uma formação técnica robusta, e não de cursinhos de curta duração, o que eu acho que é um avanço do que tínhamos até então com a reforma do Temer”, avaliou.
“Entendo que esse tempo de adequação de cinco anos para se chegar às 2400 horas, efetivamente, vai criar uma agenda junto às secretarias de educação e ao governo federal de que precisamos criar matrículas no ensino técnico de alta qualidade no País, o que só se faz com investimentos”, concluiu.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
O que há por trás da disputa sobre as horas destinadas ao Novo Ensino Médio
Por Ana Luiza Basilio
Servidores da educação veem avanço nas negociações, mas não definem fim da greve
Por Ana Luiza Basilio
Brasil não pode ter um teto de gastos para a educação, diz Camilo Santana
Por CartaCapital



