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Câmara gasta R$ 53 mil para deputados irem aos EUA denunciarem suposta ‘ditadura’ do Judiciário
Valor pode ser maior, já que os deputados ainda têm tempo para solicitar o reembolso do dinheiro gasto na viagem
A Câmara dos Deputados desembolsou quase 53 mil reais com passagens e hospedagens para parlamentares que foram aos Estados Unidos no início do mês para uma audiência no Congresso norte-americano sobre uma suposta crise na democracia do Brasil. O evento serviu como palco para críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
O valor pode ser maior, já que os deputados ainda têm tempo para solicitar o reembolso do dinheiro gasto na viagem.
Estiveram na comitiva brasileira os deputados federais Nikolas Ferreira (MG), Bia Kicis (DF), Eduardo Bolsonaro (SP), Gustavo Gayer (GO), Cabo Gilberto (PB), Filipe Barros (PR), Marcos Pollon (MS), todos do Partido Liberal. Também estavam presentes Rodrigo Valadares (União-SE) e o senador Eduardo Girão (Novo-CE).
A comitiva esteve nos EUA no início de maio, em meio à articulação da Câmara para aprovar medidas de socorro às vítimas das fortes chuvas que castigaram o Rio Grande do Sul e deixaram ao menos 169 mortos. Os parlamentares participaram do evento como convidados.
Três deputados registraram a viagem como missão oficial no site da Câmara: Bia Kicis, Gustavo Gayer e Nikolas Ferreira. O valor somado deu 32 mil reais. Rodrigo Valadares e Eduardo Bolsonaro, apesar de não terem indicado que o evento foi uma missão oficial, pediram reembolso dos gastos com passagens aéreas.
O filho do ex-presidente Bolsonaro gastou quase 8,7 mil reais na viagem de Guarulhos à capital americana. O deputado sergipano, por sua vez, pediu 11.400 reais de volta pelo trecho Washington-Nova York, feito de primeira classe. A viagem tinha o objetivo de denunciar supostos ataques à liberdade de expressão e uma “ditadura” do Judiciário brasileiro.
Durante a audiência, a deputada dos EUA María Elvira Salazar, filiada ao partido Republicano, chegou a mostrar uma foto de Moraes e o chamou de “tolo”. “Não sabemos se o ministro é um socialista, ou se ele é um tolo, ou se ele é um tolo útil para os socialistas. Mas sabemos que ele está cerceando um dos direitos fundamentais”, disse a parlamentar.
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