Mundo
A ofensiva russa na Ucrânia pode se intensificar, alerta Zelensky
Presidente reconheceu que a Ucrânia enfrenta uma falta de efetivos e problemas com o ‘moral’ de suas tropas


O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, afirmou, nesta sexta-feira 17, em uma entrevista exclusiva à AFP, que a operação terrestre lançada por Moscou na semana passada na província de Kharkiv pode ser uma “primeira onda” de uma nova ofensiva russa e declarou que Kiev só vai aceitar uma “paz justa”.
Zelensky reiterou o apelo aos aliados para que enviem mais sistemas de defesa aérea e afirmou que “a maior vantagem da Rússia” é a proibição imposta pelos países ocidentais de não usar o armamento doado a Kiev para atacar o território russo.
O presidente reconheceu que a Ucrânia enfrenta uma falta de efetivos e problemas com o “moral” de suas tropas, mas garantiu que a Ucrânia vai sustentar as linhas defensivas e conter qualquer avanço importante da Rússia.
“Ninguém vai se render”, afirmou Zelensky, um dos símbolos da resistência da Ucrânia desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022.
‘Situação sem sentido’
Zelensky também rejeitou o apelo do presidente francês, Emmanuel Macron, por uma trégua durante os Jogos Olímpicos de Paris, entre 26 de julho e 11 de agosto, afirmando que isso contribuiria apenas para a Rússia mover seus equipamentos e tropas.
O presidente afirmou que a Ucrânia e seus aliados compartilham os “mesmos valores”, mas têm “diferentes perspectivas”, particularmente sobre como o conflito pode terminar.
“Estamos em uma situação sem sentido em que o Ocidente teme que a Rússia perca a guerra. E não quer que a Ucrânia a perca”, afirmou Zelensky.
“Todo mundo quer encontrar algum modelo para que a guerra termine mais rápido”, respondeu o mandatário à pergunta sobre um cenário para acabar com os combates, como a linha de divisão na Península Coreana.
O presidente ucraniano instou a China e países em desenvolvimento a comparecerem à conferência sobre a paz que será realizada na Suíça em junho, para a qual a Rússia não foi convidada.
“Queremos que a guerra termine com uma paz justa para nós”, enquanto “o Ocidente quer que a guerra termine. Ponto. O quanto antes. E para eles, isso é uma paz justa”, afirmou o ex-comediante de 46 anos vestindo sua característica camiseta cáqui para a entrevista com a AFP realizada em Kiev.s ocidentais”, lamentou.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.