Política

Porto Alegre não fez nenhum investimento em prevenção de enchentes em 2023, diz site

O prefeito Sebastião Melo (MDB) também teria sucateado o departamento responsável por obras e manutenção dos sistemas de prevenção

Porto Alegre não fez nenhum investimento em prevenção de enchentes em 2023, diz site
Porto Alegre não fez nenhum investimento em prevenção de enchentes em 2023, diz site
Vista aérea de Porto Alegre (RS), em 6 de maio de 2024. Foto: Carlos Fabal/AFP
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A prefeitura de Porto Alegre, comandada por Sebastião Melo (MDB), não faz investimentos no setor responsável pela prevenção de enchentes na cidade desde o início de 2023. As informações constam no Portal da Transparência e foram reveladas pelo site UOL desta terça-feira 7. 

Segundo a publicação, o departamento que cuida da prevenção contra as cheias tem apenas 428,9 milhões em caixa.

Os dados mostram que o investimento na área recuou de 1,7 milhão de reais em 2021 para apenas 141 mil reais no ano seguinte. Já em 2023, o investimento foi zerado.

A afirmação do portal tem como base a rubrica “Melhoria no sistema contra cheias”, detalhada no orçamento do município.

O corte de investimentos, mostra ainda o orçamento da cidade, contrasta com o superávit patrimonial do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE), que registrou 31,3 milhões de reais de lucro em 2023, conforme trecho do balanço do departamento. 

O aumento dos lucros contrasta também com o sucateamento de pessoal, denunciado pelos representantes da categoria. Segundo informações do sindicato dos trabalhadores da empresa, o DMAE tem apenas metade dos servidores necessários para dar andamento aos projetos da companhia. Não há também pessoal suficiente para realizar a manutenção nos sistemas de contenção de cheias.

Mesmo com o cenário apresentado, Melo teria recusado a contratação de 443 funcionários para o departamento. A suspeita apontada pelos sindicalistas ao site é de que o prefeito estaria atuando para privatizar a companhia.

Sistema antiquado

Porto Alegre, lembra a publicação, possui um sistema contra cheias do Guaíba desde 1970, que conta com um muro de contenção, diques e comportas. O sistema, porém, estaria ultrapassado e sem manutenção adequada. A situação é causada, justamente, pela falta de investimentos e baixo volume de trabalhadores disponíveis para atender a demanda. 

O sistema antiquado e sem manutenção não foi capaz de proteger totalmente a cidade na última semana. O resultado foi uma Porto Alegre inundada, com moradores isolados e submetidos a cortes de água e energia elétrica. Ao menos 7.500 moradores estão em abrigos, segundo um balanço recente do estado. 

Na segunda-feira 6, o governo federal reconheceu estado de calamidade pública na maioria dos municípios o Rio Grande do Sul, incluindo a capital. A medida permite que sejam contratados serviços e compra de materiais sem a necessidade de licitação, para atender casos de urgência. 

Mais de 80 pessoas morreram em decorrência das chuvas em todo o Rio Grande do Sul, segundo a Defesa Civil. Parte delas estava na capital. Até o momento, mais de 100 pessoas estão desaparecidas, quase 300 estão feridas e há mais de 130 mil desalojadas. Cálculos apontam que a tragédia atingiu quase 900 mil pessoas.

Uma espécie de orçamento de guerra está em tramitação no Congresso Nacional. A medida foi assinada pelo governo federal e contou com a aprovação da Câmara dos Deputados

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