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Deputados aprovam primeira parte do projeto que visa ampliar poderes de Milei na Argentina

Proposta, que chegou ao Legislativo desidratada após rechaço inicial, prevê também privatizações e uma reforma trabalhista

Deputados aprovam primeira parte do projeto que visa ampliar poderes de Milei na Argentina
Deputados aprovam primeira parte do projeto que visa ampliar poderes de Milei na Argentina
O presidente da Argentina, Javier Milei. Foto: Juan Mabromata/AFP
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A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou, na manhã desta terça-feira 30, o projeto de Lei de Bases do governo Javier Milei. A medida, conhecida como Lei ‘Ómnibus’, é a principal iniciativa do governo, até o momento.

Foram 142 votos a favor e 106 contra na  Câmara, com cinco abstenções. A votação de hoje serviu para aprovar os termos gerais do projeto. Agora, os deputados analisam capítulo por capítulo, para ver o que, ao final, será aprovado ou rechaçado.

Uma dinâmica semelhante aconteceu em fevereiro, quando a Casa também aprovou os termos gerais da lei. Entretanto, diante da falta de votos suficientes para que se aprovasse os termos específicos do projeto, o governo recuou.

O projeto original era amplo – continha quase 700 artigos – e prometia privatizar mais de 40 empresas públicas argentinas, estabelecer uma reforma trabalhista e, também, fiscal. 

O governo teve que desidratar o projeto, frente à falta de apoio. A proposta aprovada hoje contém quase 250 artigos, recua na privatização do Banco Nación, o principal do país, mas mantém as bases deste início de governo: reforma administrativa, trabalhista e fiscal.

Além disso, o projeto busca ampliar os poderes do Executivo, estabelecendo mecanismos para que o governo Milei possa legislar sem a aprovação integral do Congresso nas áreas administrativa, econômica, energética e financeira. O prazo das medidas, se aprovadas, vale por um ano.

Esse tipo de exceção não é incomum na Argentina, acostumada a períodos prolongados de crise econômica. A medida chegou a ser usada, em determinado momento, pelo ex-presidente Alberto Fernández.

A sessão que aprovou os termos gerais da lei foi longa (teve início na manhã de segunda-feira 29) e marcada por fortes discussões entre a oposição e parlamentares da base do governo. Uma das acusações da oposição – tanto peronista como à esquerda – é de que Milei pode se aproveitar da ampliação dos poderes para cometer abusos.

Do lado de fora do Congresso, manifestantes contrários à lei protestam desde ontem. Não houve casos de repressão por parte da polícia, mas um forte esquema de segurança foi acionado. 

Foto: LUIS ROBAYO / AFP

O clima de disputa em torno do projeto poderá ser atiçado, justamente, amanhã, no 1º de Maio, dia em que já estão marcados protestos contra o governo.

Não há previsão sobre quando os deputados vão finalizar as votações dos capítulos específicos da lei. Entretanto, logo após a aprovação dos termos gerais, os parlamentares já seguiram de imediato para os detalhes do texto. O capítulo sobre emprego público, por exemplo, já foi aprovado. 

Para que o projeto de Milei possa, finalmente, ser convertido em lei, é preciso que ele seja aprovado no Senado. Na Argentina, a expectativa é de aprovação, especialmente pelo fato de que, dado o rechaço do projeto anterior, Milei teve que ceder em muitos pontos e negociar com quem lhe é contrário. 

Entretanto, o apoio ao governo no Senado, em termos de quantidade de parlamentares, é mais baixo do que na Câmara argentina.

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