Política
Vereador do PL no RS diz que ‘negrada’ gastou recursos emergenciais na pandemia
Movimentos sociais pedem punição a Francisco Vilela, de Canguçu, por racismo
O vereador Francisco Vilela (PL), de Canguçu, no interior do Rio Grande do Sul, afirmou que recursos emergenciais da pandemia de Covid-19 foram gastos por uma “negrada”.
A declaração foi proferida na sessão da Câmara Municipal na última segunda-feira 22. Vilela, no exercício de seu primeiro mandato, também enalteceu o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Não veio o pagamento pinga-pinga. Aquele dinheiro da Covid, essa ‘negrada’ dos estados deitaram e rolaram”, declarou. “Palmas para o Bolsonaro, palmas para quem mandou o dinheiro e que, muitas vezes, nem era gastado devidamente. Mas valia tudo durante a pandemia. Podia fazer o que quisesse porque era uma situação extraordinária.”
Ao jornal O Estado de S. Paulo, Vilela alegou ter imunidade parlamentar para discursar na Câmara.
“Eu não fiz nada de errado, eu estava na Câmara e dei a minha opinião, apenas isso. Estão me tirando para bobo nessa história, eu estou tranquilo que não vai acontecer nada”, reagiu. “Eu tenho 67 anos, nunca fiz discurso contra pessoa de cor nenhuma. Meus melhores amigos eram pessoas de cor negra, na escola, no futebol.”
Após a divulgação do caso, o Movimento Quilombola e o Movimento Negro de Canguçu repudiaram as afirmações do vereador e exigiram medidas disciplinares.
“É inadmissível que uma autoridade ocupante de uma cadeira no Poder Legislativo (que possua caráter representativo) quebre o decoro parlamentar e ofenda a comunidade negra”, diz a nota. “O racismo opera de forma estrutural e institucional e temos o dever de combate lo. A conduta racista foi ampliada por estar exposta em plataforma de comunicação de nível internacional (Youtube). O crime de racismo é punível conforme a lei.”
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