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Eleições no Brasil: quais os efeitos sobre as relações com a UE?

Nossos amigos europeus terão de considerar qual é o papel que esse novo País populista e de direita terá no mundo

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Com otimismo, poderíamos ser tentados a pensar que quando as eleições tivessem terminado e a vitória estivesse garantida as atitudes e as declarações se tornariam mais racionais e realistas.

Até agora não foi o caso. Ameaças contra indivíduos e movimentos sociais continuam a ser feitas pelo novo presidente eleito e seus apoiadores. As mesmas violência e incerteza estão liderando na política externa, e parece difícil prever um novo cenário por enquanto. 

Para muitos – e não só aqueles que apoiam o Partido dos Trabalhadores -, a opção colocada pelo segundo turno da eleição presidencial não foi tanto entre direita e esquerda, mas muito mais entre civilização e barbárie.

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Temos de admitir, apesar da profunda dor que essa admissão provoca, que, diante disso, a barbárie venceu. 

É possível “domesticá-la” ou ao menos mitigar suas piores consequências? Nesse caso, como proceder? Qual a melhor maneira de influenciar positivamente a vida política em um país tão grande, sem interferir em seus assuntos internos? 

Esses – e não apenas cálculos financeiros e comerciais – são alguns pensamentos que deveriam estar na mente dos tomadores de decisões em Bruxelas e em todas as capitais europeias, ao avaliar o futuro do que, em um momento, pareceu uma parceria promissora entre um grupo de países ricos e uma nação em desenvolvimento considerado um modelo de democracia, que parecia ter encontrado a fórmula para conciliar crescimento econômico, liberdade política, compromisso com a sustentabilidade e justiça social. 

Alinhamento com Washington 

Em política externa, as críticas abertas ao Mercosul (“não é uma prioridade”), comentários pejorativos sobre organizações internacionais e, acima de tudo, a declarada intenção de seguir o exemplo de Donald Trump e mudar a embaixada em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém, além da linguagem agressiva em relação à Venezuela e comentários contra a China, indicam um alinhamento total com Washington, exatamente no momento em que a Europa e um grande número de países avaliam como reagir à declarada inclinação dos EUA para o unilateralismo. 

Esse alinhamento cego, que é uma caricatura do trumpismo (supondo que isso seja possível), tem causado espanto até mesmo entre políticos e jornalistas conservadores, que estão preocupados com os efeitos desastrosos para o comércio, ou, de modo mais geral, para a tradição do Brasil de respeito às normas multilaterais e apoio ao diálogo e à solução pacífica de disputas. 

O futuro da parceria UE-Brasil 

O Brasil tem uma parceria estratégica com a União Europeia, estabelecida em 2007 durante o governo do ex-presidente Lula da Silva. Considerações econômicas certamente pesaram na iniciativa de Bruxelas e dos integrantes da UE ao fazer tal proposta.

A associação entre o Brasil e a União Europeia (seja diretamente ou por meio do Mercosul) sempre teve um eixo político, assim como econômico.

Além de considerações importantes sobre temas como direitos humanos e meio ambiente, nossos amigos europeus terão de considerar qual é o papel que esse novo Brasil populista e de direita terá no mundo. 

* O texto foi originalmente publicado em The Progressive Post

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