Tecnologia

O fator Hollande

O primeiro-ministro francês muda o foco da política nacional para o controle dos downloads piratas

Norte. Agora o objetivo passa a ser o combate aos profissionais da pirataria na web. Foto: Jean-Pierre Clatot/AFP
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O governo francês, com o socialista François Hollande no comando, parece ter decidido repensar uma medida contra a pirataria instituída pelo Eliseu em 2009, durante o governo Sarkozy. A lei criou uma agência governamental, chamada Hadopi, para punir usuários com o corte do acesso à internet caso baixassem conteúdos ilegais por três vezes seguidas. As duas primeiras transgressões receberiam advertências, mas a terceira resultaria no corte do acesso por um período de dois meses a um ano, sem direito a recurso judicial.

O problema é que nem o próprio Palácio do Eliseu respeitava a legislação. No começo deste ano o site You Have Downloaded mostrou que usuários de computadores do palácio tinham pirateado seis arquivos, entre eles os greatest hits dos Beach Boys. Eram três arquivos a mais do que a cota permitida a qualquer cidadão francês.

Estatísticas divulgadas pelo governo francês mostram que a Hadopi enviou 1 milhão de e-mails com advertências, 99 mil cartas com a segunda advertência e identificou outros 314 usuários como passíveis de processos em cortes francesas. O fato é que ninguém perdeu a conexão de internet ou chegou a ser processado pela lei.

Isso levou o atual governo a considerar a medida cara e desmedida ante os resultados obtidos. “Doze milhões de euros por ano e 60 empregados, isso é um modo muito caro de enviar 1 milhão de e-mails”, disse Aurélie Filippetti, ministra da Cultura do governo francês. “A Hadopi não atingiu a missão de desenvolver downloads que respeitassem a lei. Eu prefiro cortar o orçamento de coisas que provaram não ser úteis.” Agora o foco do governo Hollande é a pirataria em escala comercial, não mais usuários de internet.

Um ponto positivo da existência da Hadopi foi aparentemente ter conseguido levar as pessoas a comprar músicas de fontes legais, talvez por medo de um possível processo. A loja iTunes, da Apple, teve aumento de vendas de 25% depois da instituição da lei, de acordo com a revista Variety.

O site Engadget sugeriu, na semana passada, que a Microsoft deve vender o Surface, seu tablet, por 199 dólares. Caso se confirme será uma ousadia interessante por ­parte da ­empresa. As especulações iniciais, ­quando do lançamento do Surface, era de que custaria entre 500 e 600 dólares, batendo de frente com o iPad. Um preço de 199 dólares o colocaria em competição com tablets mais acessíveis como o Nexus 7, do Google, e o Kindle Fire, da Amazon.

Essa estratégia poderia garantir à empresa uma fatia de mercado respeitável poucos meses depois do lançamento, vendendo um produto superior aos oferecidos pelos competidores diretos por um preço semelhante. O problema é que isso também alienaria outras companhias, clientes da Microsoft com interesse em usar o sistema Windows 8 em seus tablets, que veriam suas vendas canibalizadas por uma empresa antes vista como parceira.

Elas podem acabar decidindo usar o sistema Android e deixar o Windows para trás. A Microsoft tem pela frente um grande sucesso que pode acarretar prejuízos ainda maiores.

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