Diversidade
MP de Santa Catarina abre investigação contra prefeito que barrou festival LGBT por ‘princípios cristãos’
O órgão avaliará se José Thomé, de Rio do Sul, feriu a laicidade do Estado, promoveu censura e cometeu homotransfobia


O Ministério Público de Santa Catarina abriu um inquérito para apurar se o prefeito de Rio do Sul, José Thomé (PSD), feriu a laicidade do Estado, promoveu censura e cometeu homotransfobia ao exigir o cancelamento de um evento LGBTQIA+ patrocinado por uma fundação cultural da cidade.
A investigação foi instaurada na última quinta-feira 28, a pedido do vereador suplente de Florianópolis Leonel Camasão Cordeiro (PSOL). O caso tramitará na 6ª Promotoria de Justiça da Comarca de Rio do Sul.
O festival Transforma, marcado para acontecer entre 27 e 28 de março, contava com apoio financeiro do governo de Santa Catarina e promoveria, entre outras atividades, a exibição de filmes com a temática LGBTQIA+.
A iniciativa, criada pela produtora Bapho Cultural em parceria com a Associação em Defesa dos Direitos Humanos com Enfoque na Sexualidade, já passou por cidades catarinenses como Joaçaba, Curitibanos, Jaraguá do Sul e Laguna em sua segunda mostra itinerante.
Ao justificar a negativa para a realização da mostra, o prefeito questionou o teor artístico do evento, mas alegou que a decisão não teria relação com preconceito.
“É uma questão de respeito aos princípios cristãos, daquilo que está escrito na Bíblia, e dos princípios da família, como pai de dois filhos, menores de idade, que poderiam, inclusive, participar dessa apresentação, porque a classificação livre, veja bem, tratando de questões de homossexualidade, portas abertas, eu não posso permitir isso”, disse, em vídeo divulgado nas redes sociais.
O prefeito ainda afirmou não admitir que o poder público seja um incentivador da prática em prédios públicos.
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Após o veto, os organizadores do festival anunciaram o cancelamento do evento. Em comunicado oficial, afirmaram ter sido censurados e anunciaram a suspensão para “prezar pela segurança de todos os envolvidos”.
“Não queremos perpetuar esse tipo de discurso, de violência, de ódio. A gente tá aqui pelo amor, pelo respeito, pelo acolhimento de todas as pessoas, é isso que a Transforma prega, a construção de uma sociedade melhor para todas as pessoas.”
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